quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Trabalho infantil é vergonhoso!

Matéria publicada no Correio Braziliense e que me foi enviada pela amiga Márcia Priolli. Para nossa reflexão!


São 250 milhões de crianças sem futuro no mundo
E mais de 200 milhões de meninas "desaparecidas"/assassinadas


Sandra Machado - Blog da igualdade, Correio Braziliense 14/10/2012
"As crianças não têm voz; não têm infância, liberdade ou sonhos. Não vão à escola. Vivem cativas. As meninas de um circo que invadimos à força eram obrigadas a levantar muito cedo para fazer exercícios de preparação para três ou quatro apresentações diárias. Eram submetidas a duas horas de preparação e doze horas de espetáculos. Se o show ia bem, os empregadores ofereciam as meninas para dormir com as autoridades e a polícia do local. Caso contrário, como castigo, elas eram estupradas... um beco sem saída. Uma vergonha. O mesmo acontece com crianças na indústria de tapetes, de tijolos, de tecidos ou roupas... no mundo inteiro. É errado dizer que não existe mais escravidão."

As palavras acima, bastante sofridas, são de Kailash Satyarthi, ativista indiano pelo fim do trabalho e da exploração infantil. Em 25 anos de lutas, ele calcula que tenha resgatado mais de 70 mil crianças mantidas em regime de escravidão moderna. Comanda pessoalmente invasões a fábricas e outros locais para libertá-las e devolvê-las à infância. Em 2006, foi indicado ao Nobel da Paz. Na semana passada, realizou a palestra de abertura do Seminário sobre Trabalho Infantil, Aprendizagem e Justiça do Trabalho , organizado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.

Neste feriadão, celebramos datas emblemáticas para nossa sociedade: o dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e também o Dia das Crianças. Ambas marcam a esperança no presente e a crença em um futuro melhor. As romarias e manifestações de fé e pedidos de graças, em todo o país, são intensas e comoventes. Assim como é marcante a data das "crianças" afetar o imaginário popular, não importa a idade ou o gênero. No fundo, tendemos a cultivar e a querer manter nossa melhor parte, a inocência.

A brincadeira preferida este ano para os "adultos plugados" foi postar imagens de quando eram bebês ou pequenos rebentos nas redes sociais. Uma onda para reviver mementos – (do latim, lembrar ) memórias tornadas recordações em forma de desenhos, fotografias, diários, brinquedos, quinquilharias que guardamos com carinho e nostalgia por um tempo que deveria ser feliz e lúdico em nossas vidas.

Entretanto, e não por acaso, a semana foi marcada por eventos importantes sobre e para as crianças e adolescentes, no Brasil e em nível mundial. São iniciativas pontuais e urgentes, como a elaboração daCarta de Brasília pela Erradicação do Trabalho Infantil e a celebração do recém-criado Dia Internacional da Menina (11/10), pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ações que ecoam sobre o passado, o presente, e o futuro deste país e da humanidade.

São planos para sensibilizar governos e povos pelo fim do trabalho infantil até o ano de 2020. Hoje, o problema atinge mais de 250 milhões de crianças e adolescentes, globalmente. Também são estratégias contra a discriminação baseada em gênero, o abandono e os assassinatos de meninas, em diversos países. Um holocausto, silencioso e devastador, que vitimou pelo menos 200 milhões de bebês e crianças do sexo feminino no mundo. Caso sejam efetivas, tais ações podem estancar o sofrimento e salvar crianças. Melhor: resgatarão infâncias interrompidas.

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