sábado, 9 de fevereiro de 2013

MAG não quer ver o Brasil de joelhos

Li hoje esta matéria no blog DoLaDoDeLa. Sinceridade, eu não sabia que Marco Aurélio Garcia estava hospitalizado ou com algum problema de saúde. E fico sabendo da pior maneira possível, a partir das críticas que Leandro Fortes faz à Folha de São Paulo pela maneira patética com que ela tratou o episódio. 
É por essas e por outras que não compro mais jornais nem assisto aos jornais televisivos. 
Conheci Marco Aurélio Garcia em 1985, no Congresso da Anpuh realizado em Curitiba. Ele e Michael Hall deram um curso sobre o Movimento Operário na América Latina que tive a sorte de fazer. Tudo o que eu queria saber sobre o assunto que nunca fora alvo de programas da universidade fiquei sabendo naquela semana.


por Leandro Fortes

Toda essa movimentação de corvos e abutres em torno da saúde de Marco Aurélio Garcia, inclusive a denúncia (!) da Folha de S.Paulo dando conta de que ele foi operado com recursos dos SUS, esconde um recalque dolorido em relação ao assessor internacional da Presidência da República. 

Garcia, chamado de MAG pelos amigos (dele, eu não o conheço), é um dos principais articuladores do Foro de São Paulo, o movimento contra-hegemônico das esquerdas latinoamericanas à política de submissão da região aos interesses dos Estados Unidos e das corporações capitalistas do Velho Mundo. 

Nos anos 1990, foi a iniciativa de Marco Aurélio Garcia que alimentou nosso sentimento de soberania e autodeterminação quando tudo o mais era ditado pelo Consenso de Washington e pelo FMI, cartilhas às quais o governo brasileiro, da ditadura militar aos anos FHC, seguiu como um cordeirinho adestrado. 


Eleito Luiz Inácio Lula da Silva, coube a Garcia, ao lado dos embaixadores Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães, reorientar a diplomacia brasileira de modo a tirar o Brasil, uma imensa nação potencialmente rica e poderosa, de sua condição subalterna e levá-lá a um protagonismo inédito e, de certa forma, pertubador dentro da ordem mundial.

Ao fazer isso, Garcia fez o mundo lembrar o ponto de degradação a que tínhamos chegado: em 2002, o embaixador Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores, chanceler do Brasil no segundo governo FHC, foi obrigado a tirar os sapatos no aeroporto de Miami, por ordem de um zelador da alfândega dos EUA.

Ao invés de dar meia volta e fazer uma reclamação formal à Casa Branca, Lafer botou o pezinho para fora e o rabo entre as pernas. Foi o auge da política dos pés deslcaços e da diplomacia de joelhos.

Então, essas pessoas que, hoje, sem um argumento melhor, ficam pateticamente perguntando se Marco Aurélio Garcia ao menos entrou na fila do SUS, estão, na verdade, naquela empreitada envergonhada, pessoal e impublicável dos que torciam secretamente pelo avanço dos tumores que um dia atormentaram a vida e o futuro político de Lula e Dilma Rousseff.

Sem voto, sem popularidade e despidos de humanidade, jogam todas as fichas no câncer - ou na fraqueza do coração - alheio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário