domingo, 31 de março de 2013

Paisagem europeia vista da janela de um busão

As viagens pela Europa programadas por agências são boas por um lado (você tem o guia, não se preocupa com reservas de hoteis, tem transporte, etc.) mas por outro são terriveis. Entre esses, o fato de que quando você está indo de um local a outro, de ônibus, ele não faz nem uma paradinha para que você possa apreciar os locais onde está. Se tiver sorte de estar com uma máquina boa, dá para fazer algumas fotos, como essas que fiz na belíssima estrada que liga Zurich, na Suiça, a Innsbruck, na Áustria.











quinta-feira, 28 de março de 2013

Lula, o mascate

Novo artigo do jornalista José de Castro, publicado no Blog da Kika

Lula, o mascate

Texto escrito por José de Souza Castro:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que viajou a países da África e da América Latina com despesas pagas por empresas privadas, depois de deixar o governo. Existem embaixadas brasileiras que podem auxiliar empresários a fazer negócios no exterior, mas há empresas que consideram Lula mais eficiente nessa atividade.
O ex-presidente demonstrou, no exercício do poder, ser um bom vendedor e, em geral, levava empresários na comitiva, em suas muitas viagens ao exterior. “Viajo para vender confiança”, afirmou Lula nesta semana, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”. “Se for preciso vender carne, linguiça, carvão, faço com maior prazer. Só não me peça para falar mal do Brasil”.
Além de esclarecer o motivo de suas viagens como ex-presidente, Lula atacou uma das figuras da oposição ao governo petista mais prestigiadas pela imprensa, ao declarar: "Fico com pena de ver uma figura de 82 anos como o Fernando Henrique Cardoso viajar falando que o Brasil não vai dar certo". Ao justificar as palestras remuneradas por empresários, Lula afirmou que está entre "as poucas pessoas com autoridade para ganhar dinheiro com isso", por causa do governo que fez.
O problema dessas viagens surgiu há uma semana. O jornal "Folha de S. Paulo" revelou, com base em telegramas obtidos via Itamaraty, que das 30 viagens que Lula fez ao exterior, depois de deixar o governo, 13 foram bancadas por empreiteiras com interesses nos países visitados. Nessas viagens, o ex-presidente recebeu apoio de embaixadas brasileiras, mediante funcionários locais ou diplomatas enviados do Brasil para acompanhá-lo e, ainda, com pagamento de almoços e aluguéis de material para a comitiva.
O que se poderia transformar num escândalo, dependendo das interpretações que se desse ao fato relatado, pode se diluir com a entrevista de Lula, a menos que se prove que sua atuação é ilegal e que traz prejuízos para o Brasil. Poucos países no mundo podem contar hoje com uma figura como o ex-presidente brasileiro para estimular seu comércio e seus negócios com outras nações.
São conhecidos os fatos que antecederam a eleição de Lula. Quem não se lembra de Regina Duarte, num anúncio dramático na televisão, a expressar o medo da vitória do candidato petista? Não demorou, porém, que o mercado – e não apenas o brasileiro – descobrisse um Lula bem mais pragmático que ideológico. É ruim, para o país, que ele continue o mesmo, depois que entregou a faixa presidencial a Dilma Rousseff?
Fernando Henrique Cardoso cobrava caro para fazer conferências para empresários, depois que deixou o governo. Quanto ele cobraria, se tivesse conseguido eleger seu sucessor, o tucano José Serra? Talvez menos que Lula, pois o sociólogo tucano teria certamente menos prestígio na Presidência da República, com Serra, do que o ex-torneiro mecânico com a ex-prisioneira política.
Para encerrar: algum jornal já fez pesquisa sobre quem pagava as viagens de FHC? Se não fez, não tem importância, diante de tudo o mais que acontece, há séculos, entre os políticos e a elite econômica deste país.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Os tucanos e a privatização

Agora dá para entender porque as águas minerais de Minas são da Coca Cola e da Nestlé. Salve Aécio!
A matéria abaixo foi publicada no Blog do Mello.


Posted: 25 Mar 2013 06:11 AM PDT
Página oficial do Ministério da Fazenda do governo FHC de 8 de março de 1999 publica o Memorando de Política Econômica, com alguns ajustes que se tornaram necessários ao "programa do governo brasileiro apoiado pelo FMI Banco Mundial BID BIS e pela maioria dos países mais industrializados", em 13 de novembro de 1998. O ajuste se fazia necessário porque em janeiro de 1999, primeiro mês do segundo mandato de FHC,houve a desvalorização do Real (que o governo sempre negara que iria fazer), que quase quebrou o país.

Numa parte do documento, que publico a seguir, fica claro que a opção preferencial do governo Fernando Henrique Cardoso era vender tudo para cumprir as metas feterminadas pelo FMI. Para tanto, no parágrafo 27 deixava claro:

27. O Governo pretende acelerar e ampliar o escopo do programa de privatização - que já se configura como um dos mais ambiciosos do mundo. Em 1999 o Governo pretende completar a privatização das companhias federais geradoras de energia e no ano 2000 iniciará o processo de privatização das redes de transmissão de energia. No âmbito dos Estados espera-se que a maioria das companhias estaduais de distribuição de energia seja privatizada ainda em 1999. O Governo também anunciou que planeja vender ainda em 1999 o restante de sua participação em empresas já privatizadas (tais como a Light e a CVRD) bem como o restantes de suas ações não-votantes na PETROBRAS. O arcabouço legal para a privatização ou arrendamento dos sistemas de água e esgoto está sendo preparado. O Governo também pretende acelerar a privatização de estradas com pedágios e a venda de suas propriedades imobiliárias redundantes. Estima-se que a receita total do programa de privatização para o ano de 1999 seja de R$ 27 8 bilhões (quase 2 8 por cento do PIB) (do total cerca R$ 24 2 bilhões serão gerados no nível federal) com mais R$ 22 5 bilhões no período 2000 - 2001.

Confira a íntegra do documento aqui. O título da página, para que não reste dúvida é "Acordo Brasil e FMI".

Está aí a prova inconteste de que o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso pretendia queimar a casa para vender carvão.

domingo, 24 de março de 2013

Coisas sobre arte de outros tempos





A arte da idade média é agradável, mas as emoções da idade média já não têm vez. Poderíamos usá-las no romance, obviamente, mas as coisas que usamos no romance são as que já não empregamos na vida (Oscar Wilde)






















 Jogo de xadrez - Museu de Cluny, Paris

A dama e o licorne - Museu de Cluny, Paris.




















O Renascimento foi grande porque não procurou resolver algum problema social, e nem chegou a tratar de tais assuntos, mas sim permitiu que o indivíduo se desenvolvesse livremente, conforme a beleza e a natureza. Foi por isto que teve grandes artistas pessoais e grandes figuras pessoais. (Oscar Wilde)



 

 Boticelli - O nascimento de Vênus - Florença













Miguel Angelo - Moises - Roma

sexta-feira, 22 de março de 2013

Mais algumas flores...

 Mais algumas flores que andei fotografando por ai, ao longo do tempo. De vez em quando é bom olhar para elas, que provavelmente já não existem mais.







quinta-feira, 21 de março de 2013

Má tradição

No blog da minha amiga Kika Castro, mais um grande artigo do pai, José de Castro, comentando a UFMG em dois momentos desta semana.



"Má tradição
A Universidade Federal de Minas Gerais deu um passo importante, na última terça-feira (19), para se tornar uma instituição mais democrática. O Conselho Universitário decidiu, por 40 votos a favor, dois contra e duas abstenções, acabar com o vestibular para a seleção de seus alunos. Termina assim, finalmente, uma tradição infeliz imposta em 1970 pelo governo militar, de forma autoritária.
A indústria do vestibular que se montou desde então e que só beneficiava a camada mais rica da população começou a ser desmontada, democraticamente, com a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) pelo Ministério da Educação, com base nas notas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Este, por sua vez, surgiu em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso, e foi sendo ampliado e aperfeiçoado, desde então. É um processo lento de aprendizado. A cada ano, apontam-se falhas no Enem, que são corrigidas, sempre que possível.
A adesão ao novo sistema de seleção de alunos é voluntária. Cada instituição pública de ensino superior decide, por meio de seu Conselho Universitário, a adesão total ou parcial ao Sisu. No último vestibular, a UFMG já havia aderido parcialmente. A partir de agora, a adesão é total. A universidade aplicará testes de seleção numa segunda etapa do processo, apenas para preencher vagas em cursos que exigem habilidades específicas, como música, teatro e dança.
Uma das vantagens de um sistema de seleção inteiramente aprovado em países adiantados é que o estudante não precisa se deslocar para outros municípios ou estados para fazer exames em diversas universidades, em busca de uma vaga. “É mais democrático”, resumiu o reitor da UFMG, Clélio Campolina.
Antes da UFMG, outras universidades federais, como as do Rio de Janeiro e do Ceará, tinham decidido acabar com o vestibular. Cláudio Moura Castro, um conhecido especialista em educação, acredita que a adesão da UFMG, uma universidade “bastante séria e conservadora”, abre caminho para que outras instituições adotem o sistema.
Esse avanço ocorre exatamente quando a maior universidade mineira se vê constrangida pelo comportamento atrasado de alguns alunos do curso de Direito que insistiram, apesar da proibição da UFMG, em dar trotes nos calouros aprovados no último vestibular. Pior, trotes considerados racistas ou nazistas, devidamente condenados pela reitoria e pelas entidades estudantis. É uma tradição fadada à extinção, tal como o vestibular."

quarta-feira, 20 de março de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Qual é o seu lado?

Gostei muito deste texto do Mello, publicado em seu blog DoLaDoDeLa:

Conversei na última sexta-feira com um dos maiores investigadores do país sobre o tema do momento: a nova classe média brasileira. Podia revelar o nome dele e isso certamente não lhe traria incômodo, mas como tratou-se de um bate-papo e não de uma entrevista formal, não sei o que foi considerado on e off pelo interlocutor. Por isso, peço desculpas por não apresentar sua identidade.

Como estamos muito condicionados a pensar sobre quase tudo dentro de parâmetros que, à nossa maneira, servem perfeitamente para compreender o mundo, digo, o nosso mundinho particular, encontros como este servem como uma experiência desestruturante. Tira-nos do estado de acomodação anterior, desestabiliza-nos primeiro, para permitir que alcancemos outro patamar de compreensão em seguida.

Mas vamos ao que interessa. Os clássicos formadores de opinião, a elite econômica e a intelectual, não raro defendem o aumento da qualidade do ensino público. Ok, também defendo. Só que tudo o que pleiteamos em termos de melhorias, seja o serviço que for, requer necessariamente mais investimento, certo? Como os recursos são finitos...  Vale lembrar que todo ano é aquela briga até aprovar o tal Orçamento no Congresso.

Ainda agora, mais recentemente, houve quem chiou quando o Governo anunciou que destinaria parte dos recursos do pré-sal para a educação, não foi?

Portanto, se temos que fazer uma escolha entre universalizar o acesso ou melhorar a qualidade, de que lado ficamos? Eu fico com a universalização no primeiro momento. Aí virão os críticos dizer: o que adianta o sujeito ir para a escola se o ensino é um lixo? Bom argumento.

No entanto, este estudioso faz uma ponderação interessante: ainda que a escola seja ruim, mesmo assim alguma escolaridade tem um impacto significativo no aumento do poder aquisitivo, logo, na riqueza do país.

Amanhã não teremos crianças fora da escola. Hoje, por exemplo, já são poucas. Se formos fazer um corte, quem está em desvantagem são os atores de sempre, infelizmente: negros, pobres e, sobretudo, moradores da zona rural.

Só que a conta da escolaridade é assustadoramente positiva: cada ano a mais de educação agrega valor aos salários da ordem de 15% . É uma injeção de 109 bilhões de dólares ao ano na economia! Isso mesmo! Mais educação numa ponta é mais riqueza na outra, simples assim.

Claro que devemos atribuir esse salto no numero de crianças e jovens matriculados aos programas sociais do Governo. Afinal, as políticas de transferência de renda focadas nas mulheres, mães, com contrapartida de filhos frequentando a escola demonstraram que dão resultado.

Não por acaso, programas como os adotados pelo Brasil são hoje discutidos em todo mundo, seja em países em desenvolvimento, seja por organismos internacionais, como a ONU.

Onde quero chegar? Escola leva a trabalho de maior qualificação, com melhores salários, novos padrões de consumo e, futuramente, novas demandas por qualidade do serviços públicos e de tecnologia, como um computador conectado à internet por banda larga universalizada, por exemplo.

Aparentemente nenhuma novidade. Só que a grande novidade já está em curso e é silenciosa. A continuarmos assim, diz meu interlocutor, vislumbramos uma classe C melhor informada e mais consciente de seus direitos e pronta a cobrar mais e melhores resultados.

Por isso, o debate que se trava hoje na política, não por acaso, é se queremos um Estado de bem estar social, representado pelo petismo e seus associados, ou um Estado mínimo, representado pelas forças conservadoras capitaneadas pelos tucanos. Em jogo está a conquista de corações e mentes desta nova classe social em ascensão, que vai pedir: ou o fortalecimento, ou a ruína do Estado.

Portanto, em jogo também temos um novo personagem em ação: o imposto. Com a economia formal em expansão, o trabalhador tem desconto na fonte e o prestador, na nota. Se o peso do imposto voltar como desejada contrapartida em serviços públicos, ok. Caso contrário, vai valer o salve-se quem puder do neoliberalismo, que tem espalhado seus mortos ao redor, como temos testemunhado.

Ainda que haja corrupção e desarranjos estruturais, prefiro a via do bem estar social patrocinado pelo Estado, de preferência taxando fortemente quem tem muito, para diminuir ao máximo esse abismo escandaloso chamado desigualdade.

E nesta disputa sei direitinho quem está em cada campo: de um lado os trabalhistas, humanistas e os movimentos sociais. E do outro os bancos, a elite empresarial, o agronegócio e a mídia tradicional, claro que com as exceções de praxe.

E você, qual é o seu lado?

terça-feira, 12 de março de 2013

Mataram-me porque eu estava condenada a viver

Texto e fotos da minha amiga Katia Lima
As árvores são aquelas que ficavam na rua Carangola, no passeio do antigo Colégio de Aplicação, onde eu estudei, fiz meu curso Clássico.
Hoje a Fafich, onde fiz meu curso de História, e que fica ao lado, é a Secretaria Municipal de Educação.
Onde era o colégio será edificado o Memorial que se vê na placa na primeira fotografia.
Pena que as árvores não tenham sido anistiadas! 


A árvore ouve o barulho que faz seus galhos agitarem-se, mais que em dias de ventania: o som da moto-serra. Em dias de ventania, seus galhos ganham movimentos de forma natural. Mas ao ouvir o som ameaçador da serra, sua grandiosa copa treme e se balança de temor.
Eu vi os homens chegarem com suas serras a motor.
Perguntei:
- Por que vocês estão aqui, com todo esse arsenal que destroi o que leva anos para crescer? Sei que essas árvores ganharam altura desde a época onde, aqui, era uma unversidade que abrigava estudantes que viviam sob o temor de uma ditadura.
- Você é esquisita. Essas árvores estão condenadas.
- Mas são tres árvores que, de uma só vez, foram consideradas condenadas? Que crimes cometeram?
- (risos e risos) o muro está em risco de desabamento.
- Mas os homens já estão destruindo o muro com marretas...
- Com licença, mas temos que fazer o nosso serviço, dona.
- Entendi...as árvores estão condenadas a viver e isso não é possível...há o memorial que será construido. E ele terá um nome que contradiz com os tempos da universidade: Memorial da Anistia Política do Brasil. Sabia que até hoje esse prédio é conhecido como Fafich? Se eu digo Secretaria Municipal de Educação, ninguém sabe onde se localiza?

Hoje passo, com tristeza, ao lado das árvores serradas. Penso em escrever sobre o tronco largo que ficou: mataram-me porque eu estava condenada a viver.





segunda-feira, 11 de março de 2013

REALITY SHOWS E CONFORMIDADE



Mais uma colaboração de nosso velho conhecido, prof. Antônio de Paiva Moura   


                   
REALITY SHOWS E CONFORMIDADE



Na edição número 68 de “Le Monde Diplomatique”, março de 2013, foi publicada a entrevista de Luis Brasilino com Silvia Viana, autora do livro “Rituais de Sofrimento”, da Boitempo. Na referida obra Silvia Viana mostra que a sociedade tem mais semelhanças com o ambiente cruel e brutal dos BBBs do que se imagina. No mercado de trabalho, nas últimas décadas ocorre o mesmo que no programa de televisão. A revolução molecular-digital aumentou a produtividade das empresas, que passaram a dispensar o trabalho. A exclusão tornou-se o pesadelo para um exército de “inúteis para o mundo”. Ou o indivíduo se adapta às novas condições de trabalho e de vida, ou vai para o rol dos inúteis, dos eliminados.

                        O capitalismo atual inventou formas de flexibilização como o mecanismo de terceirização, informalidade e trabalho temporário. O mundo de exclusão tornou-se um fantasma que assombra o cidadão. No reality show BBB há seleção para o ingresso no programa, como provas de resistência e habilidades. Em cada um dos participantes há momentos de regozijo quando escapa de uma eliminação. A certeza de permanência por mais uma semana é motivo de comemoração. Os participantes do BBB agem compulsivamente para não ser demitidos por déficit de empreendedorismo entretenedor.

                        O ambiente no interior do BBB e de “A Fazenda” é sempre tenso: indivíduo contra indivíduo e grupo contra grupo. No interior das empresas, onde vigora o trabalho flexível, o drama do competitismo culmina em tragédia: suicídios, migrações forçadas, crises de depressão. Conforme Silvia Viana as avaliações nas empresas são verdadeiras delações premiadas, assédio moral entre trabalhadores e manobras patronais para burlar as leis. Os vendedores de produtos industrializados, a exemplo de cosméticos, sem vínculo empregatício, que são remunerados somente com comissão de venda, concorrem entre si e não têm nenhum benefício social. Se em determinado tempo não conseguir vender, são sumariamente dispensados. Trabalhadores em telemarketing são monitorados por computador e câmeras durante o tempo de trabalho. O tempo de uso de sanitários ou de refeição é controlado. Caso não apresente o nível de produção programado, o trabalhador é descartado, como acontece nos reality shows, em que o telespectador vota para ver o descarte, para ver rolar cabeças. No interior da Fazenda ou do BBB quem tiver pena ou compaixão pelo sofrimento do outro participante corre o risco de ser considerado mole, inapto. Corre, portanto, o risco de ser eliminado. Tem que ser, o tempo todo, um contra o outro: ter sangue frio para fazer o outro sofrer; para fazer o jogo da traição e ver a caveira do outro.

                        “Rituais de sofrimento” de Silvia Viana mostra como os reality shows criam um clima de ausência de solidariedade, em que os participantes são empreendedores da aniquilação uns dos outros. Os reality shows acabam sendo o espelho da sociedade em que vivemos: individualista, competitiva, excludente e eliminadora.
                        Belo Horizonte, 10 de março de 2012.

                        Antonio de Paiva Moura