terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O homem esfaqueado, a chacina em Guarujá e o beijo gay


O homem esfaqueado, a chacina em Guarujá e o beijo gay


Por Esther Solano Gallego
Balanço do fim de semana: um homem esfaqueado por uma briga de trânsito na frente de sua mulher e filha, uma chacina em Guarujá que teve como vítimas a quatro pessoas, incluindo uma mulher grávida, e, claro, o hipercomentado beijo gay.

A lógica mais rudimentar consideraria que os dois primeiros episódios, em toda sua tragédia, são mais relevantes para o debate social do que um beijo-mercancia, um beijo-comércio.

A realidade, porém, é que só o beijo gerou convulsão social (segundo me consta, as 338 pessoas assassinadas por razões homofóbicas em 2012 não geraram convulsão nenhuma). 

As cinco vidas perdidas foram jogadas nas sombras, no silêncio.

Minha conclusão, talvez precipitada, é que a sociedade brasileira está muito mais acostumada ao horror da morte brutal do que à naturalidade do beijo.

Claramente perverso.

Sociedade tirânica a nossa, bestial, que aceita a destruição dela mesma com esta inércia assustadora.

Esther Solano Gallego é Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Complutense de Madri e professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo

Um comentário:

  1. O beijo por mim não foi comentado por que eu o enxergo normal. De forma que não teria motivo para ser comentado por mim.
    Mas vi que ele foi comentado por todos, inclusive na rede social Facebook.
    A novela falou o tempo todo sobre maldades, fraudes familiares, assassinatos e todo o tipo de coisas ruins.
    E eu não só assistia a novela roboticamente como assistia boquiaberta como a sociedade brasileira reagia achando graça das falcatruas do personagem FÉLIX e de outras tramoias praticadas por outros personagens.
    Somente nos últimos capítulos, e especialmente no último capitulo a novela da lição de amor, de superação, de perdão e de tantos sentimentos que deveríamos ter imbuídos em nosso ser.
    Mas infelizmente é como a autora coloca no texto que a sociedade brasileira está mais acostumada aos horrores de dor do que ao amor.
    Não sou religiosa, mas sei que a bíblia tem uma passagem linda que diz mais ou menos assim: " Se não houver o amor de nada adianta!". Legião Urbana fez uma linda musica usando esse pensamento.

    Estamos tão acostumados a lições de horror, medo e ódio que pouco nos importamos com a lições que o novela nos deu no seu último capitulo.

    Mas infelizmente é como a autora coloca no texto que a sociedade brasileira está mais acostumada aos horrores de dor do que ao amor.
    Eu mudaria a texto em apenas uma única palavra. E ficaria assim:
    "....a humanidade está mais acostumada ao horror da morte brutal......"

    Uma pena que poucos, muito poucos, poucos mesmo, notaram a lição de amor, perdão e superação.....

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