quarta-feira, 23 de julho de 2014

Posicionamento político e oligarquia

Colaboração do prof.Antônio de Paiva Moura



Posicionamento político e oligarquia

Segundo Navarro e Brasiliano (2014), raros são os políticos e os candidatos a altos cargos no Brasil, que abertamente se apresentam para o debate ou na propaganda eleitoral, como de direita. Mesmo sendo diretamente ligados a interesses empresariais, preferem utilizar-se do verniz social vermelho. Os termos esquerda e direita são rechaçados pelos militantes políticos e pelos estrategistas de marketing, a serviços dos mesmos. O que está mais em uso são os termos, progressista e conservador. A demagogia começa nas siglas dos partidos e atingem a medula dos discursos. O PP, partido progressista, foi fundado por grandes empresários de São Paulo, dando à palavra progresso, outro significado, confundindo o social e humano, com as chaminés fumegantes das fábricas. Ser de esquerda, ou ser progressista significa defender uma plataforma de transformações que superem as injustiças geradas pelo sistema econômico capitalista. Daí surgiu o termo “reacionário”, para designar quem reage a essa posição progressista.
Em Minas Gerais, desde o mandato de Aécio Neves no governo, o PP coligou-se com o PSDB. Há tanta afinidade entre estes partidos que o deputado estadual Dinis Antônio Pinheiro do PSDB, passou para o PP, somente para se candidatar a vice-governador de Minas na chapa do PSDB.
A família Pinheiro, de Ibirité, Região Metropolitana de Belo Horizonte, já se constitui uma dinastia inserida na oligarquia mineira. Dinis Antônio Pinheiro, com 47 anos de idade já se encontra em seu terceiro mandato como deputado estadual. Em 2013 foi eleito presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, seu irmão, Antônio Pinheiro Júnior ocupa o cargo de deputado federal pelo PP. Enquanto isso, seu filho, Antônio Pinheiro Neto, de 21 anos de idade é prefeito de Ibirité, pelo mesmo partido PP. O pai do deputado Antônio Pinheiro Júnior também foi prefeito de Ibirité. Os Dinis Pinheiro vão se despontando em Minas como a família de Antônio Carlos Magalhães na Bahia. Dizem abertamente e sem medo de qualquer punição, que compram votos mesmo e, pelo poder, fazem qualquer coisa.
Partidos de direita têm como adjetivo o termo “Socialista”, a exemplo do PSB Partido Socialista Brasileiro. Em Belo Horizonte, filiados como Célio de Castro, já não existem mais. Márcio Lacerda, apesar de ter sido militante de esquerda durante a ditadura militar, em 1975 aproximou-se da burocracia do regime militar e fundou a Construtel. Esta empresa cresceu vertiginosamente e ultrapassou as fronteiras do Brasil. Em 1994 Lacerda colaborou com o vultoso valor de 1.287 milhões de reais para a campanha de Fernando Henrique Cardoso, cujo projeto político era claramente neoliberal. É estranho como Marcio Lacerda ocupou o lugar do Dr. Célio de Castro no PSB, Partido Socialista Brasileiro.
Alexandre Kalil, presidente do Clube Atlético Mineiro, foi convidado por Márcio Lacerda a candidatar-se a deputado federal pelo PSB, mesmo sabendo que ele é um empresário, dono da Erkal Engenharia e tem ligação com os Bancos BMG e o extinto Baco Rural. Kalil está sendo investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais, acusado de enriquecimento ilícito através de agiotagem em empréstimos feitos pelo Atlético Mineiro. Quando o Dr. Fábio Fonseca e Silva deixou a presidência do Atlético para se candidatar a deputado federal, ele fez falta ao clube, mas prestou um grande serviço à Nação brasileira. Em plena ditadura militar, teve a coragem de denunciar que a indústria farmacêutica norte-americana e europeia testava medicamentos na população pobre do Brasil, a exemplo da talidomida. Já Alexandre Kalil, certamente, será um defensor dos empresários e dos banqueiros.
A letra “S” nas siglas dos partidos, na atualidade, é, na verdade, mais um indicativo de anti-social, que um símbolo de luta contra as injustiças sociais.

Belo Horizonte, julho de 2014


Antônio de Paiva Moura

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