Colaboração do prof.Antônio de Paiva Moura
Posicionamento político e oligarquia
Segundo Navarro e Brasiliano (2014),
raros são os políticos e os candidatos a altos cargos no Brasil, que
abertamente se apresentam para o debate ou na propaganda eleitoral, como de
direita. Mesmo sendo diretamente ligados a interesses empresariais, preferem
utilizar-se do verniz social vermelho. Os termos esquerda e direita são
rechaçados pelos militantes políticos e pelos estrategistas de marketing, a
serviços dos mesmos. O que está mais em uso são os termos, progressista e
conservador. A demagogia começa nas siglas dos partidos e atingem a medula dos
discursos. O PP, partido progressista, foi fundado por grandes empresários de
São Paulo, dando à palavra progresso, outro significado, confundindo o social e
humano, com as chaminés fumegantes das fábricas. Ser de esquerda, ou ser
progressista significa defender uma plataforma de transformações que superem as
injustiças geradas pelo sistema econômico capitalista. Daí surgiu o termo
“reacionário”, para designar quem reage a essa posição progressista.
Em Minas Gerais, desde o mandato de
Aécio Neves no governo, o PP coligou-se com o PSDB. Há tanta afinidade entre
estes partidos que o deputado estadual Dinis Antônio Pinheiro do PSDB, passou
para o PP, somente para se candidatar a vice-governador de Minas na chapa do
PSDB.
A família Pinheiro, de Ibirité, Região
Metropolitana de Belo Horizonte, já se constitui uma dinastia inserida na
oligarquia mineira. Dinis Antônio Pinheiro, com 47 anos de idade já se encontra
em seu terceiro mandato como deputado estadual. Em 2013 foi eleito presidente
da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, seu irmão, Antônio
Pinheiro Júnior ocupa o cargo de deputado federal pelo PP. Enquanto isso, seu
filho, Antônio Pinheiro Neto, de 21 anos de idade é prefeito de Ibirité, pelo
mesmo partido PP. O pai do deputado Antônio Pinheiro Júnior também foi prefeito
de Ibirité. Os Dinis Pinheiro vão se despontando em Minas como a família de
Antônio Carlos Magalhães na Bahia. Dizem abertamente e sem medo de qualquer
punição, que compram votos mesmo e, pelo poder, fazem qualquer coisa.
Partidos de direita têm como adjetivo o
termo “Socialista”, a exemplo do PSB Partido Socialista Brasileiro. Em Belo
Horizonte, filiados como Célio de Castro, já não existem mais. Márcio Lacerda,
apesar de ter sido militante de esquerda durante a ditadura militar, em 1975
aproximou-se da burocracia do regime militar e fundou a Construtel. Esta
empresa cresceu vertiginosamente e ultrapassou as fronteiras do Brasil. Em 1994
Lacerda colaborou com o vultoso valor de 1.287 milhões de reais para a campanha
de Fernando Henrique Cardoso, cujo projeto político era claramente neoliberal.
É estranho como Marcio Lacerda ocupou o lugar do Dr. Célio de Castro no PSB,
Partido Socialista Brasileiro.
Alexandre Kalil, presidente do Clube
Atlético Mineiro, foi convidado por Márcio Lacerda a candidatar-se a deputado
federal pelo PSB, mesmo sabendo que ele é um empresário, dono da Erkal
Engenharia e tem ligação com os Bancos BMG e o extinto Baco Rural. Kalil está
sendo investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais, acusado de
enriquecimento ilícito através de agiotagem em empréstimos feitos pelo Atlético
Mineiro. Quando o Dr. Fábio Fonseca e Silva deixou a presidência do Atlético
para se candidatar a deputado federal, ele fez falta ao clube, mas prestou um
grande serviço à Nação brasileira. Em plena ditadura militar, teve a coragem de
denunciar que a indústria farmacêutica norte-americana e europeia testava
medicamentos na população pobre do Brasil, a exemplo da talidomida. Já
Alexandre Kalil, certamente, será um defensor dos empresários e dos banqueiros.
A letra “S” nas siglas dos partidos, na
atualidade, é, na verdade, mais um indicativo de anti-social, que um símbolo de
luta contra as injustiças sociais.
Belo Horizonte, julho de 2014
Antônio de Paiva Moura
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