Só hoje consegui ler o perfil do candidato Aécio Neves, que a repórter Malu Delgado fez para a edição de junho da revista "piauí".
Bem aos moldes dos investimentos jornalísticos feitos pela
revista, Malu levou pelo menos quatro meses apurando essa reportagem,
durante os quais esteve com o próprio Aécio, com sua irmã, Andréa Neves,
com Anastasia, Alckmin, Fernando Henrique, Armínio Fraga, o marqueteiro
da campanha presidencial, dentre várias outras pessoas, identificadas
ou mantidas em off. Também conversou, via SMS, Skype, telefone ou email,
com pessoas como Letícia Weber (mulher de Aécio), o jornalista Daniel
Florêncio (que fez um documentário sobre a censura em Minas), a
promotora Josely Pontes (que denunciou o tucano por improbidade
administrativa), Luciano Hulk (amigo), dentre vários outros. O silêncio
ensurdecedor fica por conta do também tucano José Serra, um dos
principais rivais políticos de Aécio, que não quis dar entrevista.
O
resultado é um perfil bem completo, que aborda quase todos os espinhos
na carreira do candidato à presidência da República, tais como: denúncia
de desvio de verba da Saúde, denúncia de coerção da imprensa mineira,
tentativa de censura ao Google, a vez em que ele não soprou o bafômetro
quando foi parado em blitz, as acusações de uso de cocaína, a denúncia
de agressão à então namorada etc. Claro que tudo com os devidos "outros
lados" registrados, para o leitor tirar as conclusões que quiser de cada
fato/boato.
Outro
resultado importante da reportagem foi a indicação de quem seriam os
principais ministros de Aécio Neves, no caso de uma vitória. Armínio
Fraga ficaria com a pasta da Fazenda, Anastasia com o Planejamento e
Andréa Neves com a Comunicação (oficialmente ou extraoficialmente).
Importantes informações para os eventuais eleitores.
Por
fim, apesar de ser uma reportagem imensa, dessas que a gente leva meia
hora pra ler, não há qualquer menção a projeto de governo concreto (à
exceção da visão econômica de Fraga). Pelo contrário, terminei a leitura
com a impressão de que Aécio ficaria aliviado se perdesse, para não
comprometer a "alegria" de sua vida pessoal. Essa questão é corroborada
pelo título escolhido para a reportagem: "O Público e o Privado -- o
dilema que acompanha Aécio Neves, o presidenciável tucano". Ficamos a
ouvir pessoas dizendo que ele daria um rumo ao Brasil, mas sem saber que
rumo é este, afinal.
Uma
coisa é certa: se boa parte dos mineiros já conhece bem Aécio Neves,
creio que os demais brasileiros ainda não sabem praticamente nada a
respeito dele. Perguntado, no Roda Viva, o que o diferenciava do
candidato do PSB, Eduardo Campos, ele respondeu basicamente que "nunca
participou" de um governo do PT. O que não é bem verdade: ele se aliou,
com propaganda na TV e tudo, ao PT mineiro, para eleger o prefeito de
Belo Horizonte, Marcio Lacerda. Não participou de um governo do PT, mas se uniu ao partido para eleger um terceiro -- isso o torna, então, bem parecido com Eduardo Campos?
A
verdade é que o Brasil não conhece bem o Eduardo Campos, tampouco.
Aguardo ansiosamente pela reportagem de Malu Delgado com o pernambucano.
Enquanto isso, recomendo a todos os brasileiros a leitura do perfil de
Aécio Neves.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir