domingo, 31 de agosto de 2014

Bienal do Livro e Masp - o programa do fim de semana


Estou em São Paulo neste fim de semana. Sábado fiquei na Bienal do Livro, que nunca vi tão lotada de pessoas como a deste ano. Milhares, se acotovelando, quase impossível transitar pelos corredores, difícil entrar em alguns estandes. Algumas imagens:



















Domingo, o programa foi o Masp. Além de percorrer a feirinha de antiguidades, tradicional no vão do edifício, três exposições, além do Acervo para se ver. Deuses e Madonas; Cidades invisíveis (fotografias) e No coração da África (esculturas yorubas)

E das vantagens de ter mais de 60 anos: tudo de graça!













sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O novo Evangelho dos bancos centrais


Texto escrito por José de Souza Castro:
Espero que a "Folha de S. Paulo" traduza e publique, como fez com outros textos do mesmo autor, o artigo de Binyamin Appelbaum publicado no dia 25 deste mês de agosto na página B1 do "New York Times" com o título "Central Bankers’ New Gospel: Spur Jobs, Wages and Inflation". Pode ser lido AQUI.
O repórter do NYT cobriu a conferência sobre política econômica realizada em agosto em Jackson Hole, no Estado norte-americano de Wyoming. Segundo ele, pela primeira vez desde 1994, a agenda focalizou os mercados de trabalho. Naquele ano, Alan Blinder, vice-presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, escandalizou a audiência ao advertir que os bancos centrais vinham se preocupando muito com reduzir a inflação e não o suficiente com o desemprego.
Vinte anos depois, Alan Blinder participou da conferência como um economista da Princeton University. Considerada uma heresia sua advertência de 1994, ele viu que a heresia havia se transformado no novo Evangelho dos dirigentes dos maiores bancos centrais do mundo.
Blinder ouviu durante essa conferência, encerrada no último sábado, serem ditas coisas que os responsáveis por tais bancos nunca disseram antes. No Fed, disse o ex-vice-presidente, não há mais ninguém que afirme que não se deve prestar atenção no desemprego. Sumiram os hawkishes, defensores de juros mais altos e de uma política de austeridade mais forte.
Os bancos centrais se acham agora focados em elevar o nível de emprego e os salários dos trabalhadores. A busca por uma inflação menor foi substituída pela convicção de que a inflação está atualmente muito baixa para o bem da economia.
Algo bem diferente do que prega um ex-presidente do Banco Central brasileiro no governo Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga, que será ministro da Fazenda se Aécio Neves vencer as eleições. Ou do que defendem assessores econômicos de Marina Silva, candidata do PSB. Se não mudarem de posição, correm o risco de serem os últimos de uma espécie ora em extinção, os hawkishes.
Seria bom se prestassem atenção ao discurso de Janet L. Yellen, a presidente do Fed, na abertura da conferência. Ela fez uma explanação paciente sobre a necessidade de manter baixas as taxas de juros para apoiar o crescimento do emprego. Ou à fala de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu. Ele disse que está expandindo os estímulos à criação de empregos e convocou os governos europeus a fazerem o mesmo. O Banco do Japão já segue esse novo Evangelho, segundo seu presidente, Haruhiko Kuroda.
O mais curioso é que, embora o emprego tenha aumentado nos Estados Unidos, neste ano, os salários continuam baixos. E isso tem preocupado o Fed. Seus economistas estão debruçados sobre essa questão. Os do lado de cá, sobretudo os que assessoram os candidatos Aécio Neves e Marina Silva, certamente vão esperar por suas conclusões. Espero que eles tenham, pelo menos, tomado conhecimento dessa conferência e do novo Evangelho dos bancos centrais dos países mais desenvolvidos. Para que não sejamos arrastados de volta ao atraso, caso Dilma Rousseff seja derrotada.
(fonte: http://kikacastro.com.br/2014/08/29/o-novo-evangelho-dos-bancos-centrais/)

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A OTAN desenterra o machado de guerra

Nas semanas próximas haverá mudança de comando e definições importantes em matéria da estratégia da OTAN para os próximos anos.


Flávio Aguiar

A Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN – está prestes a mudar seu comando civil. O mandato do atual secretário-geral da organização, o político e diplomata dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, está para terminar. Ele será substituído pelo norueguês Jens Stoltenberg a partir de 1º. de outubro próximo.

Anders Fogh, como é mais conhecido, foi primeiro-ministro da Dinamarca de 2001 a 2009, quando assumiu o cargo na OTAN. É um político neoliberal, duro em matéria de imigração (tema preferido pela direita europeia) e um falcão em matéria de OTAN.

É autor de um clássico do neoliberalismo, publicado em 1993, cujo título diz tudo sobre seu autor: “Do Estado Social ao Estado Mínimo”. Quando eleito para a secretaria-geral, contou com a oposição apenas da Turquia e com a rejeição por boa parte da população muçulmana da Europa.

Jens Stoltenberg é tido como mais moderado, embora seja caracterizado como pertencente à “ala direita” do Partido Social Democrata do seu país.

O secretário-geral reparte o poder dentro da OTAN com o presidente do Comitê Militar, cargo hoje ocupado pelo general dinamarquês Knud Bartels.

Durante o mandato de Fogh, a ação mais importante da OTAN até o momento tinha sido o auxílio na deposição de Muhammar Gadhaffi na Líbia, além da continuidade da intervenção no Afeganistão. Nos últimos meses, entretanto, o foco da Organização voltou-se também para o antigo leste europeu, devido à crise na Ucrânia.

Tanto Fogh como Stoltenberg são conhecidos por suas posições extremamente críticas em relação à Rússia, sendo Fogh tido como mais agressivo. Suas declarações nos últimos meses confirmam esta avaliação, pois tem sido dos mais ferrenhos a martelar que a crise na Ucrânia se deve unicamente à intervenção russa.

Na semana passada Fogh apresentou seu legado à organização que está prestes a deixar. Defendeu ardorosamente a necessidade da OTAN voltar a cercar a Rússia como seu principal objetivo, armando baterias de mísseis ao longo das fronteiras desta e capacitando “forças de rápida intervenção” para “conter qualquer invasão” dos países europeus, de modo a que no caso de uma “agressão russa” a um país, a resposta não venha apenas das forças armadas deste, mas do conjunto todo.

Defendeu a construção imediata de bases militares com aquela capacidade militar e aqueles objetivos nos países do leste europeu, de modo inclusive a possibilitar uma rápida intervenção no Oriente Médio (o norte da África já está sob sua “jurisidição”).

A proposta tem o apoio decidido da Polônia, e dos países bálticos, Estônia, Letônia e Lituânia, além dos Estados Unidos. Mas é olhada com reserva por parte de outros países influentes: Espanha, França, Itália e Alemanha, que vêm nela uma “provocação” a Moscou, que poderá reagir de modo a prejudicar ainda mais as relações com a Europa combalida pela crise financeira.

Nas semanas próximas haverá definições importantes em matéria da estratégia da OTAN para os próximos anos. No curso atual, é de se esperar que as propostas de Rasmussen ganhem mais adeptos – inclusive por parte de seu sucessor, Stoltenberg – já que a crise na Ucrânia tende a se prolongar. Até o momento o governo de Kiev parecia estar tendo sucesso em retomar áreas controladas pelos rebeldes nas regiões de Luhansk e Donetsk. Entretanto este avanço foi detido, e eestes conseguiram abrir uma nova frente de luta na cidade de Novoasovsk, junto a fronteira russa, e em direção a Mariupol, na costa do mar Negro, e que já foi palco de lutas ferozes entre partidários de Kiev e separatistas, com aqueles perpetrando um verdadeiro massacre contra militantes destes. Como sempre, voltaram à tona as acusações de que tal avanço está sendo feito com apoio material e de pessoal por parte dos russos.
(fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/A-OTAN-desenterra-o-machado-de-guerra%0A/6/31694)

A ambientalista a favor dos transgênicos! Sai, capeta!!!

Parece incrível!

Ontem postei aqui um artigo a respeito da Monsanto e do que ela esconde a respeito dos transgênicos, que andam a ser proibidos em vários países... menos no nosso, é claro!

E à noite, a distinta "ambientalista" Marina Silva, com a maior cara de pau do mundo, disse que "ela ser contra os transgênicos é uma lenda". Ela é a favor deles!!!

Como é que pode?

Já era difícil engolir o apoio financeiro dos maiores sonegadores de impostos do Brasil à sua campanha (isso faz parte da "nova política"?)

Já era complicado ela ter como vice um político que é sabidamente apoiado pela Monsanto (isso é a "nova política", também?)

Mas ela própria, descaradamente dizer ao Brasil inteiro que nunca foi contra os transgênicos... é demais para meu estômago!

Acabei de ter a certeza (tinha dúvidas, confesso) de que ela não passa de uma oportunista picada pela mosca azul do poder.

"Nova política" uma droga! É a mesma velha politicanalhice que temos por aqui! E o que esta senhora vai conseguir se se tornar a presidenta?

Quem irá apoiá-la? O PSB é pequeno, os tucanos estarão em parte desencantados com ela. O PMDB, provavelmente uma parte (esta política é velha, não?) apoie, outra não.

Socorro! Afastem de mim este cálice!

Sai, capeta! Arreda, Satanás!!!

A ex-senadora Marina Silva, candidata à Presidência da República pelo PSB, afirmou em entrevista na noite desta quarta-feira (27) ao "Jornal Nacional" tratar-se de uma "lenda" a ideia de que ela é contra o uso de sementes transgênicas.
"Há uma lenda de que sou contra os transgênicos, mas isso não é verdade", disse. A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta a respeito de seu vice, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), que foi um dos principais articuladores da Medida Provisória que aprovou o cultivo de soja transgênica, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, quando Marina era ministra do Meio Ambiente.

fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2014/08/27/ha-uma-lenda-que-eu-sou-contra-transgenicos-diz-marina-em-entrevista.htm


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O que a Monsanto esconde sobre os transgênicos?

Vandana Shiva - CommonDreams
 
Falando durante o lançamento do quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Energia e Recursos, o ministro do meio-ambiente Prakash Javadekar declarou: “nós não negamos a ciência. Ninguém pode negá-la. Nós temos de tomar precauções, temos de agir com propriedade. Não vivemos nos tempos de Galileu. Galileu estava dizendo a verdade e foi punido por isso.”

Com organismos modificados geneticamente, podemos estar vivendo como nos tempos de Galileu. Corporações biotecnológicas norte-americanas como a Monsanto e seus lobistas são a Igreja de nosso tempo. E os cientistas independentes são os galileus, que estão dizendo a verdade sobre os transgênicos e seus impactos na sociedade, saúde e meio ambiente.

Os transgênicos estão atolados em controvérsias pois sua introdução na sociedade é fudamentada na violação da lei, da democracia e da ciência.

Na Índia, o debate começou com a introdução ilegal do algodão Bt pela Monsanto em 1998.

Ele foi intensificado quando a Monsanto/Mahyco tentou introduzir a berinjela Bt em 2010. E quando o ministro do meio-ambiente da época, Jairam Ramesh, tentou suspender as plantações, ele foi tirado de seu cargo.

O debate voltou quando Jayanthi Natarajan foi retirado do ministério do meio ambiente em dezembro de 2013 por ter se recusado a pactuar com o ministro da agricultura Sharad Pawar sobre os campos de transgênicos.

M. Veerappa Moily a sucedeu e rapidamente já encaminhou as aprovações.

Sob o novo governo da Aliança Democrática Nacional, o Comitê de Análise sobre Engenharia Genética (GEAC, em inglês) aprovou novos testes em 18 de julho. Isto foi contrário ao que o partido Bharatiya Janata declarou em seu manifesto lançado em abril: “alimentação transgênica não será permitida sem uma avaliação científica plena de efeitos de longo prazo sobre o solo e impactos biológicos e produtivos sobre os consumidores”

Em 1998, a Monsanto — em colaboração com a Mahyco — começou campos de testes ilegais de algodão Bt com a intenção de comercializá-lo na Índia. Enquanto a engenharia genética existia apenas em laboratórios, o Comitê de Revisão sobre Manipulação Genética (RCGM) do Departamento de Biotecnologia (DBT) foi que aprovou os campos. Assim que testes são feitos em ambientes abertos — o caso destes — devem ser aprovados pelo GEAC, coordenado pelo ministério do meio-ambiente.

Quando a Monsanto começou os campos de testes em 1998, ela não procurou aprocação do GEAC. Então entrei com uma ação em janeiro de 1999. Minha ONG também começou um movimento em agosto de 1998 com o lema “Monsanto, deixe a Índia”. Este ainda é nosso lema, pois a Monsanto e seus transgênicos só podem existir na Índia violando a democracia do país, suas leis, e a independência e soberania da ciência indiana.

Depois de um estudo sobre transgênicos de mais de quatro anos, o Comitê Parlamentar sobre Agricultura recomendou o banimento das colheitas transgênicas na Índia declarando que elas não teriam nenhuma função em um país de pequenos agricultores. Uma ação foi enviada à Suprema Corte pela ambientalista Aruna Rodrigues para que os campos de testes de transgênicos fossem encerrados até que avaliações independentes e um processo regulatório existisse.

A Suprema Corte indicou um comitê técnico que recomendou a proibição temporária dos campos de teste de colheitas transgênicas até que o governo obtivesse regulamentação apropriada e mecanismos seguros, o que não ocorreu até hoje. Até aqui, todas as avaliações são feitas pela própria empresa e os resultados são inventados de acordo com seus interesses. Era evidente no caso que pestes como a Aphids e a Jassids estavam aumentando, mas a companhia não reportava nenhum aumento. Era claro no caso da berinjela Bt que havia impacto orgânico danoso, mas a companhia escrevia “sem impacto.” Este é o motivo pelo qual avaliações independentes são vitais para a biossegurança.

Membros do SC/TEC incluíram os maiores cientistas da Índia, que comandam institutos científicos de alto-nível especializados em diversas disciplinas, como o Dr. Imran Siddiqui do Centro de Biologia Celular e Molecular, além dos professores P.S. Ramakrishnan e P.C. Kesavan.

O imperativo científico demanda que as recomendações dos maiores comitês científicos sejam implementadas. E o núcleo de tais recomenações se resume nos seguintes pontos:

— Suspensão dos campos de experimentações transgênicas: “ao examinar a segurança destes empreendimentos, ficam aparentes as brechas do sistema regulatório. Até esta correção, é aconselhavel que não sejam implementados outros campos de testes".

— Deveria haver também a suspensão temporária dos campos de testes em culturas de alimentos.

— Colheitas tolerantes a herbicidas: o comitê julga que são completamente inadequadas no contexto indiano e recomenda que os campos de testes não sejam permitidos na Índia.

Entre as culturas transgênicas aprovadas para campos testes estão arroz, milho, grão de bico, cana de açucar e berinjela. A Índia é um centro de diversidade de todas estas culturas exceto milho. A experiência do algodão transgênico já nos mostrou os altíssimos custos aos agricultores proprietários de sementes transgênicas das quais a Monsanto recolhe seus royalties. Os transgênicos não passaram no teste socio-econômico.

Nós realizamos um estudo em relação ao impacto sobre o solo do algodão Bt e descobrimos que organismos benéficos foram destruídos. Nos EUA, a destruição de organismos benéficos levou ao aparecimento de patologias que estão causando nascimentos prematuros e abortos em animais que são alimentados com transgênicos.

Não há consenso sobre a segurança dos transgênicos. Tumores, falhas nos orgãos e prejuízos ao sistema digestivo já foram associados aos transgênicos por pesquisadores independentes pelo mundo todo. A Monsanto persegue todo cientista que está fazendo pesquisas independentes sobre a segurança dos transgênicos.

A Monsanto e a indústria biotecnológica continuam promovendo a introdução de transgênicos não testados como se fossem “científicos”. Suprimir fatos não é ciência. Manipular a verdade não é ciência. Perseguir cientistas não é ciência.

A verdadeira ciência se baseia em investigações completas e independentes dos transgênicos e sobre o impacto socio-econômico sobre pequenos agricultores, o impacto ecológico sobre o meio-ambiente, incluindo sobre a biodiversidade do solo, dos polinizadores, das plantas e o impacto sobre a saúde humana e animal. A Índia necessita realizar seus próprios testes de segurança que não precisem de campos e possam ser feitos em laboratório.

Reivindico uma suspensão dos testes transgênicos, tal qual o Comitê indicou na Suprema Corte. Todos estamos pedindo uma avaliação científica completa, de acordo com as recomendações do Comitê. O lobby dos transgênicos está tentando suprimir as recomendações do Comitê. Seria esta uma extensão da síndrome de Galileu?
 
Tradução de Roberto Brilhante
(fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Meio-Ambiente/O-que-a-Monsanto-esconde-sobre-os-transgenicos-/3/31682)

Você quer votar na Marina? É bom conhecer quem lhe dá apoio!

Com multas bilionárias aplicadas pela Receita Federal, empresas como o banco Itaú, de Roberto Setúbal, grupo Globo, de João Roberto Marinho, e Natura, do ex-vice de Marina Silva Guilherme Leal, observam exemplo do PSB; partido fechou comitê financeiro anterior à nova candidata e agora abre outro CNPJ – o registro de pessoas jurídicas – para superar histórico de contas e arrecadações e começar vida nova, sem passivos a saldar; entre as três grandes empresas mordidas pelo Leão, todas apostam em Marina agora; será que ela vai apoiar mudanças de CNPJ como a que seu partido quer fazer?
26 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 14:27
247 – Depois que o PSB anunciou a fórmula que está usando para encerrar o passado de arrecadações e despesas da campanha do ex-governador Eduardo Campos, com o fechamento formal do comitê financeiro e abertura de outro, com novo CNPJ (o número de registro de pessoas jurídicas), pelo menos três grandes empresas que pertencem ao campo de influência da candidata Marina Silva podem estar tentadas a fazer o mesmo.
Com uma multa a pagar de nada menos de R$ 18,7 bilhões à Receita Federal, por conta de impostos considerados não recolhidos pela fusão com o Unibanco, o banco Itaú tem esse problema em seu CNPJ. A alternativa encontrada pelo PSB, com a anuência de Marina, que já começa uma nova corrida de arrecadação, pode interessar.
No mesmo caso está uma companhia muito próxima da candidata. A Natura, do empresário Guilherme Leal, que foi candidato a vice de Marina em 2010, igualmente tem problemas com o Fisco. No ano passado, a empresa recebeu uma conta de R$ 628 milhões por IPI e Pis não recolhidos. Um CNPJ zero quilômetro também cairia bem para superar essa situação.
Para as Organizações Globo, que jamais esconderam sua oposição à presidente Dilma Rousseff e, nessa medida, veem com simpatia a opção Marina, uma suavização no apetite do Leão igualmente seria positiva. A emissora perdeu no ano passado recurso contra a receita de R$ 730 milhões, em razão de impostos não recolhidos pela transmissão da Copa do Mundo de 2002.
Se a moda lançada pelo PSB de Marina pegar, com o passado menos transparente sendo jogado no lixo da história para a abertura de um futuro novo em folha, a fila para fazer o mesmo deverá ser grande.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Proeza brasileira é manter as empresas muitíssimo bem


Jornal GGN – Enquanto bancos e consultorias fazem campanha anti-Dilma, o lucro líquido de 362 empresas de capital aberto cresceu mais de R$ 4 bilhões no segundo trimestre de 2014, comparado ao ano passado. “Não se trata de projeções. Estamos diante de números realizados, contabilizados e divulgados. Dinheiro que já entrou no bolso”, disse o colunista Ricardo Melo.

Sugerido por Haroldo Werneck
Vale a pena ler a coluna do Ricardo Melo na Folha de S.Paulo.
O lucro líquido somado de 362 empresas de capital aberto no segundo trimestre de 2014 subiu 11,46% em relação ao mesmo período de 2013. Se as estatais forem tiradas deste grupo, a variação do lucro passa a ser 47,58% - um aumento assombroso diante do terrorismo econômico do dia-a-dia.
Melhor nem falar dos bancos, não é?...

A terra do lucro animal
Por Ricardo Melo

Vejam esses números a respeito de um certo país. O lucro líquido somado de 362 empresas de capital aberto cresceu, no segundo trimestre de 2014, 11,46% com relação ao mesmo período do ano passado. Subiu de cerca de R$ 35 bilhões para R$ 39,3 bilhões.
Se as empresas estatais saírem do cálculo, as cifras são mais impressionantes. Na comparação dos mesmos períodos, os valores avançaram de R$ 21,4 bilhões em 2013 para R$ 31,6 bilhões neste ano, um salto de 47,58%!
Os dados são de uma consultoria respeitada, a Economática. Referem-se, isso mesmo, ao Brasil. Estatística de consultor, bem entendido, não é artigo propriamente em alta. Mas isso sobretudo quando o assunto são previsões.
É aí que o pessoal costuma se esborrachar feio. No caso, porém, não se trata de projeções. Estamos diante de números realizados, contabilizados e divulgados. Dinheiro que já entrou no bolso, limpinho, limpinho (às vezes nem tanto...)
Virou chavão nos últimos tempos reclamar da perda do chamado espírito animal do empresariado. A culpa geralmente é lançada na conta do governo: não dialoga com os magnatas, muda regras toda hora, intervém demais, gasta muito com programas assistenciais.
Bem, mesmo nesse cenário pintado com cores sombrias, de um ano para o outro o lucro das companhias com ações negociadas em bolsa disparou quase 50%! Haja voracidade animal. Ou seja, as coisas não se encaixam. Ganha um cartão de crédito com juros decentes o assalariado que conheceu salto tão espetacular no holerite. Nem é preciso lembrar que, na área privada, o setor financeiro lidera o ranking da fortuna.
Números assim, que nem são novos, mas permanecem quase escondidos, colocam o debate num patamar mais honesto. O objetivo não é ocultar problemas; eles são muitos e reais. Por exemplo: o crescimento do país, na medida clássica, o PIB, vem patinando.
Como a própria Folha nos informou, em manchete neste domingo, o esfriamento se alastra pelos emergentes como um todo, "da Rússia ao Chile". Queira-se ou não, o mundo inteiro ainda sofre os efeitos devastadores do crash de 2008.
A grande proeza brasileira é ter, apesar de tudo, conseguido estabilizar o emprego em níveis civilizados, custear programas sociais de resultado indiscutível e, como se percebe na ponta do lápis, manter as empresas muitíssimo bem, obrigadas.
Algum desavisado vindo de fora nos dias recentes deve pensar que haverá em outubro eleições para entidade empresarial. Motivo: o mote mais difundido por uma parte da mídia é a pretensa necessidade de acalmar mercados.
Presa dessa ilusão depois de transformada em candidata competitiva, Marina Silva corre para decorar o script. Nomeou uma banqueira como fiadora e se mostra disposta a alargar alianças além das fronteiras antes sustentáveis, ou suportáveis, pela sua Rede. Até agora não entusiasmou nem gregos, nem troianos. Apenas piorou o humor de seu rival na oposição.
É um jogo de alto risco. A força eleitoral de Marina vem justamente do seu lado outsider. Ao mesmo tempo, esta é sua fraqueza junto ao establishment. Você imagina um empreiteiro doando fundos para uma candidata adversária de hidrelétricas?
Bem, nada parece impossível num país onde um político como José Roberto Arruda, mentiroso confesso e corrupto notório, flagrado em áudio e vídeo, lidera intenções de voto em seu quadrado.

(fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/proeza-brasileira-e-manter-as-empresas-muitissimo-bem-por-ricardo-mello)

As ‘entrevistas’ do ‘Jornal Nacional’

Por Venício A. de Lima

As “entrevistas” ao vivo com os quatro primeiros candidatos nas pesquisas de intenção de voto divulgadas para a Presidência da República (antes da trágica morte de Eduardo Campos), realizadas pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, tornam obrigatória uma reflexão sobre o exercício do poder político no Brasil [íntegras disponíveis aqui, aqui, aqui e aqui].
De um lado, candidatos ao mais elevado cargo público da democracia representativa brasileira, devidamente homologados por seus respectivos partidos/coligações, em conformidade com a legislação eleitoral e em início de campanha. Do outro, jornalistas da empresa comercial que é a maior concessionária do serviço público de radiodifusão do país e parte de um dos maiores oligopólios de mídia do mundo.
Não se pretende colocar em questão o papel fundamental que a comunicação tecnologicamente mediada exerce nos processos democráticos. Ao contrário. É exatamente em razão do reconhecimento desse papel (sem mencionar as graves distorções históricas que caracterizam esse setor no Brasil) que se fazem as reflexões a seguir.

Entrevistas?

Na primeira “entrevista”, o âncora do JN, William Bonner, advertiu a entrevistados e telespectadores que a série trataria de temas polêmicos e confrontaria (sic) os candidatos com o seu desempenho em cargos públicos.
Além do pressuposto básico de que deve haver respeito mútuo mínimo entre entrevistador e entrevistado, qualquer estudante de jornalismo sabe que o segredo para uma boa entrevista começa com o saber perguntar: as opiniões do entrevistador devem ficar fora das perguntas e não se deve argumentar com o entrevistado tentando convencê-lo de que a versão correta é aquela apresentada na pergunta. A entrevista ideal, portanto, deveria ser uma conversa e não uma contenda.
O que se viu, no entanto, foi outra coisa.
A postura imperial dos “entrevistadores” denotava a assimetria de poder expressa na arrogância investida de autoridade autoatribuída de fiadores do interesse público. A postura dos “entrevistados” implicava a aceitação da inevitabilidade de serem submetidos a uma inquisição pública em rede nacional de televisão, sem qualquer garantia sobre a forma como seriam “tratados” e/ou em relação à equidade do tempo concedido para resposta das “perguntas” feitas ao vivo.
Não houve jornalismo. Não houve conversa, mas um combate. Não houve perguntas, mas ataques. Os “entrevistados” foram fustigados e provocados pelos “entrevistadores” como se estivessem em um duelo público. Nenhuma das regras elementares para a condução de uma entrevista jornalística foi cumprida
A “entrevista” com a presidente da República, candidata à reeleição, foi particularmente exemplar. A indisfarçável diferença do tratamento dispensado a ela, comparativamente aos outros “entrevistados”, já foi registrada por Glauco Faria e Maíra Streit em “Desconstruindo Bonner – uma análise das entrevistas de Dilma, Aécio e Campos” (ver aqui). Recebidos em sua casa, isto é, na biblioteca da residência oficial do(a) presidente da República, o Palácio da Alvorada, os “entrevistadores” da Globo se portaram como se fossem eles os detentores do poder político institucionalizado e conduziram uma inquisição beligerante da maior autoridade pública do país, à qual não faltou sequer um dedo em riste contestando uma resposta.
Quero, todavia, chamar a atenção para outro aspecto.

Um poder que paira sobre todos os outros?

Para além da “cobertura adversária” que desqualifica permanentemente a política e os políticos, identificada pela socióloga Maria do Carmo Campello de Souza há quase trinta anos, a grande mídia brasileira historicamente atribui a si mesma o duplo papel de formadora e de representante da opinião pública. Ela reivindica a legitimidade que disfarçadamente não reconhece nas instituições políticas tradicionais da democracia representativa, vale dizer, políticos, partidos políticos, parlamentos nos seus diferentes níveis e, no limite, no presidente da República, eleito dentro das regras do Estado de Direito.
O exemplo emblemático desse comportamento foi a “rede da democracia”, movimento liderado pelo Globo, Diários Associados e Jornal do Brasil que antecedeu ao golpe de 1964 (cf. A Rede da Democracia, Aloysio Castelo de Carvalho, Editora da UFF/Nitpress, 2010). As “entrevistas” de 2014 parecem, todavia, indicar um passo adiante neste comportamento histórico.
Para além da “cobertura adversária” e de formadora/representante da opinião pública, a TV Globo se apresenta como um superpoder, que paira soberano acima dos poderes institucionalizados pelo processo eleitoral da democracia representativa. Poder soberano ao qual todos os outros poderes – institucionalizados ou não – devem, incondicionalmente, explicações públicas.
O que representa simbolicamente o enfrentamento público assimétrico de dois jornalistas com candidatos ao mais alto cargo da democracia brasileira, inclusive com a candidata/presidente da República?
Quais grupos se fortalecem com o enfraquecimento e o desafio público a candidatos à Presidência da República e a ocupantes das mais altas posições na hierarquia das instituições democráticas?
Se uma candidata, no exercício da Presidência da República, pode ser destratada de forma agressiva e descortês publicamente em uma rede de televisão, por que não pode fazer o mesmo um cidadão comum?

Outro país

Talvez a grande ironia das “entrevistas” do JN nas eleições de 2014 seja a constatação de que, apesar do imenso poder que as Organizações Globo ainda desfrutam, o Brasil de hoje é um país diferente daquele dos anos da ditadura.
Será que a maioria dos eventuais telespectadores do JN acreditará que os “entrevistadores” são jornalistas imparciais, independentes e buscam apenas a defesa do interesse público?
Será que, em tempos de mudanças radicais no setor de comunicações, a aposta da Rede Globo não estaria equivocada e o seu imenso poder não estaria melhor servido se exercido nos limites mínimos de respeito aos políticos, à política e às instituições políticas da democracia representativa dentro da qual opera e sobrevive como oligopólio midiático?
A ver.
***
Venício A. Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e organizador de Para Garantir o Direito à Comunicação – A Lei Argentina, o Relatório Leveson e o HGL da União Europeia, Perseu Abramo/Maurício Grabois, 2014; entre outros livros.

(fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/as_lsquo_entrevistas_rsquo_do_lsquo_jornal_nacional_rsquo_ )

As maiores camadas de gelo do mundo estão derretendo em tempo recorde


Imagens de satélite fornecem visão detalhada da escala de devastação causada pelo aquecimento global.


Jon Queally, 
 
As duas maiores camadas de gelo do mundo, na Groenlândia e na Antártica, estão derretendo no período de tempo mais rápido já registrado, de acordo com um novo estudo baseado nas imagens de satélite detalhadas.

Apresentada por cientistas no instituto alemão Alfred Wegener, a nova pesquisa foi conduzida com o auxilio da mais sofisticada tecnologia de mapeamento e com o uso de um satélite ESA (chamado CryoSat-2) o qual utilizou tecnologia de radar para gerar medidas exatas das camadas de gelo.

A visão detalhada das camadas é devastadora.

"O volume perdido na Groenlandia dobrou desde o ano 2000," explicou o glaciologista da AWI e co-autor do relatório Prof. Dr. Angelika Humbert. "A perda da camada de gelo da Antártica ocidental ao mesmo tempo multiplicou a perda em 3 vezes. As duas camadas de gelo combinadas estão diminuindo em um nível de 500 quilômetros cúbicos por ano. É a velocidade mais rápida já observada desde o inicio das gravações das imagens em satélites 20 anos atrás."

Falando com a BBC, Humbert foi além, declarando: "A contribuição das duas camadas de gelo juntas para o aumento do nível do mar dobrou desde 2009. Para nós, esse número é incrível."

O Huffington Post reporta:

"O derretimento glacial mais rápido entre os medidos foram os da geleira Jakobshavn na Groenlândia e da geleira Pine Island na Antártica Ocidental. A Geleira Jakobshavn está sendo engolida pelo oceano em um ritmo de 46 metros - ou metade de um campo de futebol - por dia. Ano passado, um pedaço de gelo do dobro do tamanho de Detroit se rompeu do topo da geleira Pine Island".

Robert Bindschadler, do Centro Espacial da NASA, recentemente contribuiu para um estudo similar para o Instituto de Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático. "O aumento do nível do mar é mundialmente considerado como o resultado da mudança climática que afeta diretamente milhões de moradores costeiros ao redor do mundo; indiretamente, afeta bilhões que compartilham seus custos financeiros," disse numa coletiva de imprensa. Até 2100, somente os derretimentos na Antártica poderão somar até 37 centímetros, ou mais de 14 polegadas, aos níveis marítimos globais.
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Tradução de Isabela Palhares.

(fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Meio-Ambiente/As-maiores-camadas-de-gelo-do-mundo-estao-derretendo-em-tempo-recorde/3/31676)

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Mandonismo

Colaboração mensal do prof. Antônio de Paiva Moura





Mandonismo é um termo empregado por historiadores e cientistas sociais para designar uma das características do exercício do poder pelos proprietários investidos em cargos administrativos e políticos e daí as estruturas oligárquicas.
O mandão - um potentado, chefe, ou coronel - é o indivíduo que, de posse do controle de recurso estratégico, como a propriedade da terra, adquire tal domínio sobre a população do território, que a impede de exercer livremente a política e o comércio.
Historicamente o mandonismo está presente no Brasil desde os primórdios da colonização como caractere da política tradicional, com tendência a desaparecer à medida que as conquistas da cidadania avançam. Contudo, não se pode esquecer que os resíduos do mandonismo ainda se encontram presentes na cultura brasileira.
O mandonismo vem com a cultura aristocrática dos senhores de terra no Brasil colonial. Donos dos homens e da produção agrícola, procuram concretizar o ideal senhorial, em que a autoridade e a dominação eram amplamente exercidas sobre os dependentes, sem a interferência externa do Estado. Os senhores de fazendas sabiam que a amizade, o parentesco e favores, muitas vezes, permitiam atingir os objetivos. O compadrio é a troca de favores entre duas partes de níveis desiguais. Nomeações para cargos públicos em troca de votos, ao invés da aptidão do servidor.  Um bom relacionamento é um capital valioso. Marilena Chaui trata o messianismo e o autoritarismo como heranças da colonização. A estrutura oligárquica e autoritária mantém-se por relações de mando e obediência, favor e clientela, superior e inferior.  A herança colonial sobrevive na lógica da sociedade formada de panelinhas, de cabides e busca de projeção social, de vez que prevalecem a desigualdade e a hierarquia.
Os últimos anos do poder governamental de Minas Gerais, com Aécio Neves e Antônio Anastasia, prosseguido pelo goiano Alberto Pinto Coelho, regrediram ao mandonismo coronelista. A forma como controla a imprensa local; o domínio sobre os serviços públicos, onde a propaganda se sobrepõe aos fatos reais; benefício explicito aos potentados regionais que controlam o eleitorado; controle do poder judiciário e a certeza de impunidade nos crimes de corrupção.

         Belo Horizonte, agosto de 2014.

         Antônio de Paiva Moura

Por que os brasileiros desconhecem as realizações do governo Dilma?


Em 2014, o Jornal Nacional, da Rede Globo, exibiu mais de 9 horas de notícias desfavoráveis ao governo Dilma, contra apenas 45 minutos de favoráveis. 

por Najla Passos



Brasília - Os brasileiros que assistiram ao horário eleitoral gratuito da última quinta, na TV, se surpreenderam com a grandiosidade das realizações do governo Dilma Rousseff (PT), mostradas com extremo cuidado estético pela propaganda eleitoral. Quando a peça publicitária exibiu a imagem de duas torres de transmissão de energia instaladas sob o Rio Amazonas, na fronteira do Pará com o Amapá, cada uma delas com 295 metros, só 29 a menos do que a Torre Eiffel de Paris, a reação de muitos foi protestar nas redes sociais: “Isso só pode ser mentira”.

Não é. As duas torres compõem um conjunto de outras 3,3 mil, de menores proporções, instaladas em uma rede de transmissão de 1.750 Km, que levam a energia gerada pela Usina de Tucuruí, no Pará, até Macapá, no Amapá, e depois até Manaus, no amazonas. Absolutamente desconhecida dos brasileiros, a obra faz parte de um programa maior que, nos quatro anos do governo Dilma, implantou 23 mil Km de linhas de transmissão, o equivalente à metade da circunferência do planeta. E, dessa forma, permite que uma região do país possa socorrer a outra, em caso de insuficiência energética.

“Mas como nós nunca soubemos disso? Como uma imagem dessas proporções e significado nunca estampou a capa dos jornais e revistas”, se questionavam muitos. A resposta é simples e foi dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo programa. “Meus amigos e minhas amigas, eu tenho certeza que você já tá surpreso com tanta coisa que a Dilma fez e você não sabia. Garanto que ficará ainda mais. Esta campanha vai servir exatamente para isso: para você ver como certa imprensa gosta mais de fazer política do que informar bem, como só consegue falar mal e é capaz de esconder obras fundamentais que estão transformando o Brasil. É por isso que a gente diz que, na minha primeira campanha, a esperança venceu o medo e, nesta da Dilma, a verdade vai vencer a mentira”, afirmou.

Lula não fez bravata. A afirmação tem lastro científico. Pesquisa realizada pelo Laboratório de Mídia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no projeto batizado como “Manchetômetro”, comprova que, em 2014, o Jornal Nacional da TV Globo, o principal do país, exibiu 9 horas, 19 minutos e 37 segundos de notícias desfavoráveis ao governo federal. Já as positivas ocuparam um espaço de apenas 29 minutos e 40 segundos. A pesquisa considerou toda as notícias exibidas este ano. Como é atualizada diariamente, os dados contidos nesta matéria englobam até o noticiário da última sexta (22).

A pesquisa classifica também as notícias negativas por partido: o PSB de Marina Silva teve 1h 12m e 12 S de noticiário neutro, o PSDB de Aécio Neves foi retrato em 1h 25m e 31s de notícias neutras, 1 h 19m e 18s de notícias contrárias e 8m de favoráveis. Já o PT de Dilma Rousseff contou com 1h 9m e 13s de neutras, 55s de favoráveis e 3h 25m e 5 s de negativas. Em relação aos candidatos, o estudo aponta que o JN exibiu 1h, 25m e 30s de notícias negativas sobre a presidente, e apenas 3m e 35s de notícias favoráveis.
 
A proporção muda significativamente quando o candidato em questão é Aécio Neves. Foram 5m e 35s de notícias desfavoráveis a ele, contra 7m e 45s de favoráveis. No restante da imprensa monopolista, não é diferente. Outra pesquisa realizada pelo mesmo instituto mostra que, durante todo o ano, as manchetes dos três principais jornais do país (O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) são visivelmente contrárias ao governo da presidenta Dilma: 48 negativas contra 8 positivas. Os candidato Aécio Neves (PSDB) teve 6 favoráveis e 3 contrárias, uma proporção bastante diferente. O então candidato Eduardo Campos, do PSB, morte recentemente em acidente aéreo, tal como o tucano, teve 6 favoráveis e 3 contrárias. O PT foi retratado em 56 manchetes negativas e apenas uma única positiva.

Preconceito contra a atividade política e crítica à economia

As pesquisas da UERJ revelam também o preconceito exacerbado da mídia contra a atividade política e a crítica permanente ao modelo econômico adotado pela presidenta para enfrentar a crise econômica mundial, sem prejudicar os mais pobres. Nos três principais jornais do país, foram 136 manchetes negativas acerca da atividade política, contra apenas duas positivas. Em relação à economia, o Brasil do pleno emprego e da inflação controlada dentro da meta foi retratado em 118 desfavoráveis e apenas 5 positivas. No Jornal Nacional, foram 15h, 58m e 5s de notícias contrárias à atividade política e apenas 1h, 21m e 10s de favoráveis. Em relação à economia, 3h, 5m e 2s de noticiário negativo, contra 18m e 40s de positivo.

(fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Por-que-os-brasileiros-desconhecem-as-realizacoes-do-governo-Dilma-/4/31655)

domingo, 24 de agosto de 2014

Para quem gosta da Veja, é bom recordar!

Interessante que nas capas deste ultimo ano não vieram manchetes bombásticas com relação ao Trensalão nem à falta de água em São Paulo. Por que será? Ah... claro, é porque quem começou com a corrupção no país não foi o PSDB...












Quem é mais podre?


sábado, 23 de agosto de 2014

Pobres e invisíveis, no coração do Império



EUA superaram apartheid aberto e elegeram Obama presidente – mas Ferguson expõe drama dos bairros negros, em tempos de desemprego e decadência

Por Eugene Robinson | Tradução: Gabriela Leite

Desta vez, o fogo vem da invisibilidade. Nossa sociedade espera que a polícia mantenha longe dos nossos olhos e mentes os afro-descendentes desempregados e com pouca educação formal. Quando, de repente, sobem ao palco, iluminado pelos flashes e pela centelha dos coquetéis molotov, simulamos surpresa.
A última causa da agitação em Ferguson, no estado de Missouri, meio-oeste dos EUA, foi a morte do garoto de 18 anos de idade, Michael Brown. Segundo uma testemunha, ele foi parado por um policial branco por andar na rua, e não na calçada. O oficial, Darren Wilson, atirou em Brown pelo menos seis vezes. Duas das balas atingiram sua cabeça. Aí temos novamente a narrativa familiar: outro homem negro desarmado, assassinado injustamente. Brown, portanto, junta-se a uma lista longa e triste, que parece não ter fim.
Este enredo é indiscutível. Para sustentar que etnia não é um fator importante nestes encontros fatais, seria preciso citar exemplos de jovens brancos e desarmados sendo mortos pela polícia ou por autoproclamados vigilantes. Nomes e datas, por favor.
Mas a violência em Ferguson evoca uma narrativa mais profunda e fundamental sobre o que afro-americanos têm feito, e o que tem sido feito a eles, nas décadas após as manifestações urbanas dos anos 1960 — o fogo anterior.
Tentado a concluir que nada mudou nos Estados Unidos? Por favor, repare que o comandante da patrulha de rodovias de Missouri, escolhido para disciplinar a ação da polícia local, é negro. O procurador geral que interrompeu suas férias na ilha de Martha’s Vineyard para ordenar uma investigação no Departamento de Justiça e uma terceira autópsia é negro. E, é claro, o presidente e comandante-em-chefe — que também interrompeu férias para discursar sobre a crise em Ferguson — é negro.

Note também que essa evidência inegável de progresso na questão de raça — ela teria sido inimaginável quando o Harlem explodiu, em 1964, após a polícia ter atirado em um garoto de 15 anos — não faz diferença aparente para os jovem que se agitam pelas ruas de Ferguson.
E por que não? Porque os enormes ganhos obtidos por alguns afro-descendentes não apenas deixaram outros para trás, mas fizeram sua situação mais desesperadora e sem esperanças do que era, cinquenta anos atrás.
Quando a inquietação em Ferguson acabar, prevejo que haverá uma enxurrada de jornalismo ambicioso tentando afirmar o status da parte negra dos Estados Unidos. A maior parte destas análises serão ignoradas porque irão contradizer o que os norte-americanos veem todos os dias com seus próprios olhos.
Milhões de afro-americanos tiraram proveito das oportunidades criadas pelo movimento de direitos humanos para ascender à classe média — e, em alguns casos, mais além, como mostram os exemplos do Presidente Obama e do Procurador-Geral Eric Holder.
Mesmo assim, milhões de outros norte-americanos negros não alcançaram a classe média. Este grupo, atolado na pobreza e desocupação, descobre que os caminhos que outros percorreram estão bloqueados. Eles vivem em bairros com escolas decadentes, que não conseguem prepará-los para a economia de hoje. Empregos seguros de operários, com salários altos, são algo do passado. Tendências raciais no policiamento significam que eles têm muito mais probabilidade de serem detidos e presos por ofensas pequenas e não violentas, tais quais posse de droga, do que os brancos, ao cometerem os mesmos crimes.
Cada vez mais, este afro-descendentes que foram deixados para trás estão invisíveis. Seus bairros ou sofrem especulação imobiliária — o que significa que eles não podem mais morar lá — ou são simplesmente evitados pelo desenvolvimento. O que acontece em bairros negros e pobres tem cada vez menos a ver com a vida diária da classe média norte-americana, branca ou negra.
Ainda em Ferguson, e em alguns outros cantos pelo país, milhões de jovens, homens e mulheres, crescem sabendo que as cartas estão sendo postas contra eles. Por acaso Michael Brown tinha um chip em seu ombro? Segundo seus amigos e família, não, apesar da loja de conveniências sugerir o contrário. Seria compreensível se tivesse? Será que ele teria se perguntado se crianças brancas, vivendo em partes mais afluentes da cidade, são incomodadas frequentemente pela polícia por perambular pela rua?
Brown não tinha registro na polícia. Ele tinha se formado no ensino médio. Estava prestes a entrar em uma faculdade técnica. Dado o local de onde ele vem, é difícil chegar a algo muito melhor — e fácil fazer coisa bem pior.
Agora que as ruas estão cheias de raiva incoerente — e a violência deve ser fortemente condenada — podemos compreender a luta de Brown. Momentaneamente, pelo menos. Depois que a fumaça passar, ficaremos cegos novamente.

(fonte: http://outraspalavras.net/destaques/pobres-e-invisiveis-no-coracao-do-imperio/)

EUA: adeus ao direito de protestar?


Revolta negra de Ferguson reprimida com violência inédita. Polícias recebem do Pentágono armamento de guerra. Elites globais querem abolir manifestações sociais?

Por Robert Bridge | Tradução: Inês Castilho

Os violentos protestos que continuam a assolar Ferguson, Missouri, onde um adolescente negro desarmado foi morto a tiros por um policial branco, levaram às ruas equipamentos de uso militar, numa demonstração de força assustadora. Como os Estados Unidos chegaram a tanto?
Muito antes de a maioria dos norte-americanos ouvir os nomes Osama bin Laden, Al-Qaeda ou Ferguson, Washington já havia declarado guerra contra um outro tipo de mal. Este, popularmente conhecido como cocaína, veio do sul da fronteira: é a droga escolhida por todos, dos suburbanos de classe média às celebridades de Hollywood.
Em 5 de setembro de 1989, George H.W. Bush falou à nação que iria aumentar o orçamento da “guerra às drogas” para $7,9 bilhões – “o maior da história”.

No ano seguinte, a Lei de Autorização da Defesa Nacional (Seção 1033) conferiu ao Pentágono poder para “transferir a agências federais e estaduais propriedades privadas do Departamento de Defesa, incluindo armas leves e munições, que, conforme determinação do Secretário, são: (a) adequadas ao uso por tais agências, em atividades de combate às drogas; e (b) excessivas para as necessidades do Departamento de Defesa”.
Previsivelmente, contudo, esses planos ousados não conseguiram deter o fluxo de drogas para os bairros norte-americanos. Em vez disso, o mal concebido programa usou a maioria dos recursos do contribuinte para comprar armamento de uso militar e acumulou novas prisões, numa longa e cara luta contra as drogas.
Nesse confronto movido a drogas, contra os cartéis da América do Sul, o Tio Sam, como Tony Montana – chefão das drogas obcecado por poder no filme “Scarface” (1983) – vai exibir-se num momento de coragem, glória e tiroteio contra o inimigo.
Contudo, em última análise a “guerra às drogas” fracassou como um tiro com pólvora molhada – apesar de gastar mais dinheiro do que um viciado em cocaína. A ONU estima que, entre 1998 e 2008, o consumo de opiáceos aumentou 35% no mundo inteiro, sendo 27% o da cocaína e 8,5% o da maconha.
Ao mesmo tempo, comunidades locais dos EUA herdaram os despojos das guerras no estrangeiro – do Iraque ao Afeganistão – estocando muitas toneladas de equipamento militar. Uma mostra aparece hoje nas ruas de Ferguson, em meio a crescentes protestos de rua.
Não apenas as comunidades locais estão se atualizado com equipamentos de uso militar, como também estão recebendo treinamento nas técnicas militares para utilizar esses equipamentos poderosos.
“O orçamento anual do Departamento de Polícia do St. Louis é cerca de US$ 160 milhões,” relatou a Newsweek. “Ao fornecer equipamento militar excedente de graça, a agências de aplicação da lei, a Lei de Autorização da Defesa Nacional incentiva a polícia a utilizar armas e táticas militares.”
Tão perturbador quanto a violência que atingiu Ferguson nos últimos dias e noites, e o horror diante do tiro de um policial que matou um adolescente desarmado, é assistir ao espetáculo de veículos blindados circulando pelas ruas da cidade e policiais equipados para lutar numa guerra no Oriente Médio, mais do que conter um protesto no meio-oeste dos Estados Unidos.
Além de veículos blindados, a polícia de Ferguson tem à sua disposição armaduras corporais, equipamentos completos de combate e armamentos futuristas para controlar multidões, tais como armas acústicas que dispersam manifestantes emitindo um sinal eletrônico poderoso e ensurdecedor.
A morte do adolescente Michael Brown e a violência que se seguiu lançou um holofote sobre o que tem sido em grande parte ocultado do exame público: a militarização das forças policiais locais dos Estados Unidos.
Muitos observadores estão se perguntando, em primeiro lugar, como exatamente veículos blindados e outros equipamentos de combate desembarcaram nas ruas de Ferguson.
Embora a polícia de Ferguson tenha sido vista conduzindo um veículo preto que se assemelha a um MRAP (Mine-Resistant Ambush Protected vehicles, ou veículos resistentes a minas e protegidos contra emboscadas), Mike O’Connell, diretor de comunicação do Departamento de Segurança Pública do Missouri disse à Newsweek que “nenhuma agência policial de St. Louis adquiriu MRAPs através do programa 1033”.
O’Connell disse que, se o veículo é de fato um MRAP e não um dos cerca de dez “caminhões utilitários“ adquiridos pelo Condado de St. Louis, ele não sabe de onde veio.
A parafernália militar vem com um custo adicional: a imagem de uma presença paramilitar mais preparada para uma guerra contra um inimigo externo pode ter o efeito indesejado de criar uma atmosfera de medo e paranoia na população.
O ex-chefe de polícia de Seattle, Norman Stamper, alertou que, quando a polícia usa uniformes de estilo militar, isso pode agravar o nível geral de hostilidade que a multidão sente pelos policiais.
“Manter a paz numa manifestação significa essencialmente ter policiais vestidos com uniformes cotidianos, não em trajes militares”, declarou Stamper em entrevista à Vox. “No processo, eles se tornam uma força de ocupação no local onde comandam – em nome da segurança pública, tomando iniciativas que na verdade prejudicam o controle legítimo.”
Em junho, a União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) divulgou um relatório que apontava a compra de equipamento militar pelas polícias locais, juntamente com um aumento na implantação de unidades daSWAT, como prova de que as forças policiais dos Estados Unidos estão se transformando em algo potencialmente perigoso.
O mais incrível é que essa “infiltração militar” dentro das forças policiais locais está ocorrendo sem debate público. “O policiamento nos Estados Unidos tornou-se desnecessária e perigosamente militarizado, em grande parte por meio de programas federais que têm armado agências policiais locais e estaduais com armas e táticas de guerra, com quase nenhuma supervisão e discussão pública”, diz o relatório da ACLU.
Conforme os Estados Unidos reduzem suas operações militares no Afeganistão e no Iraque, as forças policiais dos EUA estão recebendo os armamentos de segunda mão do Pentágono. “Usando esses recursos federais, as polícias estaduais e locais vêm acumulando arsenais militares, supostamente para travar a fracassada Guerra às Drogas… Mas esses arsenais têm custo para as comunidades. O uso de ferramentas e táticas hiperagressivas resulta em tragédia para os civis e policiais, aumenta o risco de violência desnecessária. Além disso, destrói propriedades e mina as liberdades individuais “, conforme o relatório.
Em abril, Pentágono elaborou uma “Publicação sobre Técnicas Militares dos EUA: Distúrbios Civis” que antecipou o tipo exato de distúrbios civis que estão agora acontecendo em Ferguson.
O manual, obtido recentemente pela organizaçãoInteligência Pública, discute situações em que “A agitação civil pode variar de protestos simples e não-violentos, que tratam de questões específicas, a eventos que se transformam em distúrbios de grandes proporções.”
“Diferenças étnicas significativas numa comunidade podem criar uma atmosfera de desconfiança, até mesmo de ódio … (e) podem causar surtos de desordem civil que podem levar a levante total”, continua.
Mas a “infiltração militar” que parece estar acontecendo em Ferguson é indicativa de uma tendência nacional que envolve a transformação completa dos departamentos de polícia locais em aparatos paramilitares, e a despeito (ou por causa) do fato de que a “guerra às drogas” saiu do radar nacional.
Enquanto isso, esse investimento exorbitante em equipamentos e técnicas militares parece estar atiçando os departamentos de polícia a agir com fogo muito maior do que o normal, tanto contra culpados como contra inocentes.
Peter Kraska, professor na Escola de Estudos sobre Justiça da Universidade do Leste de Kentucky, declarou à Economist que equipes da SWAT foram mobilizadas cerca de 3 mil vezes em 1980. Hoje aquele número explodiu para “cerca de 50 mil vezes por ano”.
Kraska forneceu uma série de estatísticas preocupantes que atestam a crescente militarização nas comunidades norte-americanas, muitas delas com baixos índices de criminalidade: 89% dos departamentos de polícia em cidades norte-americanas com mais de 50 mil habitantes tinham equipes da SWAT no final dos anos 1990 – quase o dobro do que havia em meados dos anos 80. Em 2007, estas mesmas equipes já estavam presentes também em mais de 80% das cidades com população entre 25 mil e 50 mil habitantes.
Não é surpresa que um número crescente de norte-americanos não confie na polícia para protegê-los. Como afirmava a ACLU em seu relatório, “É tempo de a polícia norte-americana lembrar que supostamente deve proteger e servir nossas comunidades, e não travar uma guerra contra a população que vive nelas.”
Robert Bridge trabalha como jornalista na Rússia desde 1998. É autor do livro Midnight in the American Empire, que traz uma visão além da cortina de ferro do poder corporativo, e como esse fenômeno econômico está destruindo o Sonho Americano.

(fonte: http://outraspalavras.net/destaques/eua-adeus-ao-direito-de-protestar/)