Mandonismo é um termo empregado por
historiadores e cientistas sociais para designar uma das características do
exercício do poder pelos proprietários investidos em cargos administrativos e
políticos e daí as estruturas oligárquicas.
O mandão - um potentado, chefe, ou coronel - é o indivíduo que, de
posse do controle de recurso estratégico, como a propriedade da terra, adquire
tal domínio sobre a população do território, que a impede de exercer livremente
a política e o comércio.
Historicamente o mandonismo está presente no Brasil desde
os primórdios da colonização como caractere da
política tradicional, com tendência a desaparecer à medida que as conquistas da cidadania avançam. Contudo, não
se pode esquecer que os resíduos do mandonismo ainda se encontram presentes na
cultura brasileira.
O
mandonismo vem com a cultura aristocrática dos senhores de terra no Brasil
colonial. Donos dos homens e da produção agrícola, procuram concretizar o ideal
senhorial, em que a autoridade e a dominação eram amplamente exercidas sobre os
dependentes, sem a interferência externa do Estado. Os senhores de fazendas
sabiam que a amizade, o parentesco e favores, muitas vezes, permitiam atingir
os objetivos. O compadrio é a troca de favores entre duas partes de níveis
desiguais. Nomeações para cargos públicos em troca de votos, ao invés da aptidão
do servidor. Um bom relacionamento é um
capital valioso. Marilena Chaui trata o messianismo e o autoritarismo como
heranças da colonização. A estrutura oligárquica e autoritária mantém-se por
relações de mando e obediência, favor e clientela, superior e inferior. A herança colonial sobrevive na lógica da
sociedade formada de panelinhas, de cabides e busca de projeção social, de vez
que prevalecem a desigualdade e a hierarquia.
Os
últimos anos do poder governamental de Minas Gerais, com Aécio Neves e Antônio
Anastasia, prosseguido pelo goiano Alberto Pinto Coelho, regrediram ao
mandonismo coronelista. A forma como controla a imprensa local; o domínio sobre
os serviços públicos, onde a propaganda se sobrepõe aos fatos reais; benefício
explicito aos potentados regionais que controlam o eleitorado; controle do
poder judiciário e a certeza de impunidade nos crimes de corrupção.
Belo
Horizonte, agosto de 2014.
Antônio
de Paiva Moura
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