segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Mandonismo

Colaboração mensal do prof. Antônio de Paiva Moura





Mandonismo é um termo empregado por historiadores e cientistas sociais para designar uma das características do exercício do poder pelos proprietários investidos em cargos administrativos e políticos e daí as estruturas oligárquicas.
O mandão - um potentado, chefe, ou coronel - é o indivíduo que, de posse do controle de recurso estratégico, como a propriedade da terra, adquire tal domínio sobre a população do território, que a impede de exercer livremente a política e o comércio.
Historicamente o mandonismo está presente no Brasil desde os primórdios da colonização como caractere da política tradicional, com tendência a desaparecer à medida que as conquistas da cidadania avançam. Contudo, não se pode esquecer que os resíduos do mandonismo ainda se encontram presentes na cultura brasileira.
O mandonismo vem com a cultura aristocrática dos senhores de terra no Brasil colonial. Donos dos homens e da produção agrícola, procuram concretizar o ideal senhorial, em que a autoridade e a dominação eram amplamente exercidas sobre os dependentes, sem a interferência externa do Estado. Os senhores de fazendas sabiam que a amizade, o parentesco e favores, muitas vezes, permitiam atingir os objetivos. O compadrio é a troca de favores entre duas partes de níveis desiguais. Nomeações para cargos públicos em troca de votos, ao invés da aptidão do servidor.  Um bom relacionamento é um capital valioso. Marilena Chaui trata o messianismo e o autoritarismo como heranças da colonização. A estrutura oligárquica e autoritária mantém-se por relações de mando e obediência, favor e clientela, superior e inferior.  A herança colonial sobrevive na lógica da sociedade formada de panelinhas, de cabides e busca de projeção social, de vez que prevalecem a desigualdade e a hierarquia.
Os últimos anos do poder governamental de Minas Gerais, com Aécio Neves e Antônio Anastasia, prosseguido pelo goiano Alberto Pinto Coelho, regrediram ao mandonismo coronelista. A forma como controla a imprensa local; o domínio sobre os serviços públicos, onde a propaganda se sobrepõe aos fatos reais; benefício explicito aos potentados regionais que controlam o eleitorado; controle do poder judiciário e a certeza de impunidade nos crimes de corrupção.

         Belo Horizonte, agosto de 2014.

         Antônio de Paiva Moura

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