sábado, 11 de outubro de 2014

Aécio Neves: preconceito e narcisismo





         O preconceito é um “juízo” preconcebido, manifesto de forma discriminatória, perante pessoas e lugares diferentes. O preconceito vem da forma de socialização do indivíduo. De acordo com a classe social e o meio em que vive, o indivíduo passa a ter visão estereotipada, falsa e superficial de situações, como por exemplo: “O baiano é preguiçoso; o carioca é malandro; paulista é trabalhador; índio é preguiçoso; mulher no volante, perigo constante”. Quem produz a cultura e os modos de vida é a elite dominante, que estabelece as normas de comportamento e as ideologias. Aristóteles, célebre filósofo grego (384-322 aC)  dizia que a estrutura social era imutável. Para ele, alguns indivíduos são destinados à escravidão, porque para eles, nada é mais fácil que obedecer e nunca obtém a plenitude da razão: Dos homens, uns são livres, outros escravos; para eles é útil e justo viver na escravidão. In: “A Política”. Na verdade é a sociedade e não os caracteres biológicos do indivíduo, que determinam a existência de senhores e escravos para atender às necessidades de seu sistema econômico. Aristóteles pertencia à aristocracia grega e vivia da exploração de braços escravos. Daí seu modo de pensar discriminatório e seletivo. Há um dito popular que coincide com o pensamento discriminador de Aristóteles: “Quem nasceu para ser burro tem que morrer na cangalha”. A classe mais abastada do Brasil é herdeira ideológica da antiga aristocracia. É ela que alimenta as piores visões estereotipadas de inferioridade dos negros; da incapacidade dos pobres; da inferioridade da mulher; da perversidade dos homossexuais e da ociosidade dos índios. 

         Segundo o psiquiatra americano Jessold Post, o político que revela ódio a seus adversários, cria uma percepção irreal de sua liderança. São duas as formas de narcisismo. A normal, na qual o político tem fé e confiança em sua habilidade, com as quais pode representar a sociedade. Já no narcisismo patológico o político não tem empatia com o sofrimento alheio. Está sempre pronto para ofender aqueles que se opõem a ele. Sua arma predileta é a maledicência e a disposição de fazer denúncias infundadas.  Ao invés do desejo de vencer os adversários, o político narciso patológico tem vontade de destruir partidos e pessoas.

         No dia 2 de outubro de 2014, para um público de 50 mil pessoas, Lula lembrou que as classes altas, através da imprensa, manifestam muito ódio a ele e ao Partido dos Trabalhadores. É uma perseguição descomunal. Durante seus oito anos de governo, não teve um só dia de paz. “As onze famílias proprietárias de jornais, rádios e televisões determinam que é inimigo; quem é bom e quem é ruim neste país; o que vai mostrar ou o que não vai mostrar”. Conforme levantamento do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), da cobertura editorial dos três mais influentes jornais brasileiros – O Globo, O Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo – não deixa dúvida de que a mídia brasileira fez da presidente Dilma o alvo de bombardeio contrário à reeleição. Segundo o cientista político João Flores Junior, do IESP, há um pronunciado viés anti-Dilma, conforme gráfico das matérias publicadas contra ela. 

Para Aécio Neves, todo petista, sem exceção, é corrupto e incompetente.  Marcelo Adnet atuou em um clipping em que ele ridiculariza o tipo de eleitor de Aécio Neves. Um senhor de roupão dourado sobre camisa e gravata, de um hotel de New York, fala ao telefone, com um brasileiro. Explicita os preconceitos contra as classes trabalhadoras que conseguiram melhorias de vida. Lamenta que o governo tenha destinado à bolsa família vultoso recurso financeiro. Para terminar diz que o PT, para a sua tranquilidade, deve ser derrotado, motivo pelo qual votará em Aécio Neves.

Belo Horizonte, outubro de 2014.

Antônio de Paiva Moura

2 comentários:

  1. Que lucidez! Todo eleitor brasileiro devia ler esse artigo. Pena, contudo, é que a inteligência do eleitor não vai conseguir alcançar... Assim é!

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  2. Interessante, minha visão é totalmente diferente... Para mim quem prega ódio e divisão de classes é o PT. Ao segregar os cidadãos brasileiros entre ricos e pobres, ao se posicionar como Pai dos Pobres (Lula) e Mãe dos Pobres (Dilma), ao se criar cotas em faculdades e concursos públicos. Um governo não deve governar para minorias ou maiorias, deve governar para todos, garantindo que todos tenham oportunidades iguais, que possam crescer, se desenvolver intelectual, emocional e financeiramente. Chega de "Coitadismo", ninguém aguenta isso mais, nem os próprios coitados...

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