segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O comentário que fiquei devendo

Na terça feira postei aqui o artigo de um xará meu, publicado na Folha de São Paulo e me perguntava e repassava a pergunta aos leitores: por que a Folha, tucana e apoiando descaradamente a campanha de Aécio, publicava um artigo como aquele?
Não recebi nenhum comentário a respeito.
Mas prometi para hoje o meu comentário.

Por primeiro, cumpre registrar o que já falei antes: se existe algum jornal que apoiou a campanha de Aécio à presidência este foi a Folha de São Paulo.

Acreditar que ela publicou para mostrar "imparcialidade" ou "neutralidade" é a mesma coisa que acreditar em duendes, coelhinho da Páscoa e Papai Noel.

Não, a Folha nunca foi neutra. E não o seria às vésperas da decisão, na semana da votação do segundo turno. 

Havia possibilidades de Aécio vencer? Sim, havia. O artigo poderia atrapalhar? Talvez. Lembremo-nos que a influência dos jornais na atualidade tem sido muito menor do que em outros tempos. Os leitores da Folha, com certeza, em sua maioria eram eleitores de Aécio. Não iriam modificar seu voto por conta daquele artigo.

Então? Como ficamos?

Penso o seguinte: a Folha estava enviando um aviso muito claro. Não aos eleitores, mas ao próprio candidato que ela apoiava.

Para entender melhor o que estou querendo dizer, é necessário recordar uma frase do FHC, mais ou menos do seguinte teor: Para tirar o PT do poder, qualquer "coisa" serve.
O Serra e o Alckmin tiveram sua chance. Não conseguiram. 
Marina parecia ser a "coisa" da vez. Mas dançou.
Sobrou Aécio.

Que todos sabem, não goza do amor dos líderes do PSDB paulista. 

Para desespero do Serra e do Alckmin, Aécio parecia ter condições de se tornar presidente. 

Quatro anos? Oito anos? Não... isso não poderia acontecer.

Então a Folha deu o recado. No jargão jornalístico, o artigo "pautou" o que o jornal iria fazer assim que Aécio ganhasse a eleição: iria escarafunchar todos aqueles escândalos citados, iria investigar todas as minúcias do nepotismo, dos aeroportos, dos salários dos professores.

Aécio não tem um teto de vidro. A casa é toda de vidro.

E assim, a "coisa" que supostamente tiraria o PT do poder seria derrubado para que o vice, paulista, assumisse. E São Paulo recobraria o poder sobre o país.
Para sorte do Aécio, ele perdeu.

Simples assim?
Posso estar equivocado, aceito de bom grado quem possa me demonstrar o contrário.

Um comentário:

  1. A elite paulista não suporta o fato de estar fora do poder a 12 anos. Esta hipótese não é impossível, mas sim provável. A mídia mineira vem blindando Aécio Neves a tempos, a cooptação tem um preço alto, os anúncios milionários do governo do Estado nos meios de comunicação. Parabéns boa análise de conjuntura.

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