quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Fora, Bolsonaro!

Ontem, quando eu assistia à sessão para cassação de André Vargas (ex-PT), vi o Jair Bolsonaro tentando se justificar por ter dito, pela segunda vez, que não estupraria Maria do Rosário porque "ela não merece". Depois de sentir vontade de vomitar com a declaração (será que ele não percebe que, ao dizer isso, ele quer dizer que há que MEREÇA ser estuprado?!), pensei: se os deputados fossem sérios (os outros, quero dizer, porque Bolsonaro não é sério mesmo), interromperiam naquele momento o processo de cassação de Vargas e iniciariam imediatamente a cassação de Jair Bolsonaro, por conduta atentatória ou incompatível com o decoro parlamentar, como é previsto na Constituição (artigo 55) e no regimento da Câmara (art. 10). Depois, continuassem com o caso do Vargas, que também foi cassado.
Jair Bolsonaro não é conhecido só por falar asneiras contra gays, contra negros e contra mulheres. Ele também defende veementemente o período da ditadura militar no Brasil, onde o Estado infligiu pelo menos 19 tipos de tortura diferentes, de acordo com o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, divulgado nesta quarta. Você pode ler os detalhes sobre cada um desses métodos asquerosos AQUI. Bolsonaro, aliás, defende a prática da tortura mesmo nos dias de hoje, em plena democracia.
Infelizmente, num ano em que a campanha eleitoral foi bastante acirrada, com pessoas de ânimos muito exaltados e o principal candidato da oposição se aproximando cada vez mais da extrema-direita (inclusive depois de sair derrotado nas urnas), tenho visto muita gente apoiando Jair Bolsonaro. Prefiro acreditar que mais por desconhecimento do discurso dele, por ignorância mesmo, do que por uma defesa consciente desse deputado. Também é o que prefiro acreditar quando lembro que ele foi o mais votado do Rio de Janeiro -- assim como já aconteceu no passado com figuras como Tiririca, Garotinho, Ratinho Júnior, Russomano, Pastor Feliciano etc. As pessoas não pesquisam sobre seus candidatos e, não raro, nem mesmo se lembram em quem votaram nas eleições passadas.
Mas não dá, gente. Bolsonaro não dá. Sua mãe merece ser estuprada? Sua filha? Sua mulher ou namorada? Sua irmã? Para Bolsonaro, se "derem um caldo", podem bem merecer, vejam só. Você odeia a Dilma e ficou chateadíssimo/a que ela venceu as eleições por maioria simples, como mandam as regras? Ficou puto que um monte de gente resolveu abdicar de votar (indo pelo branco ou nulo) em vez de sair de cima do muro? Achava que esse povo daria o voto para Aécio e não para Dilma (mas como saber, né?)? Tudo bem, está no seu direito. Faça sua oposição, acompanhe o governo de perto, faça cobranças, como todo cidadão, eleitor de Dilma ou de Aécio, deveria fazer. Mas não pense que, ao apoiar Bolsonaro, você está atacando Dilma. Não, querido: você está atacando as mulheres, os negros, os homossexuais, os que já sofreram as consequências de policiais mal preparados (que existem, como todo profissional), os que querem ver o progresso da democracia no Brasil, seja nas mãos de qual grupo político for. Sacou?
Você já sabe que o Bolsonaro não está à altura do cargo que infelizmente ocupa? Então faça sua parte repudiando as coisas que este senhor diz e defende, sem nem corar as bochechas, dia após dias. Criticar, contestar, cobrar e exigir também são papel de um cidadão, como você.
Algumas coisas podem ser feitas:
  • Você pode assinar a petição online pedindo a cassação de Bolsonaro. É rápido e fácil e, no momento em que escrevo, já ultrapassou as 70 mil assinaturas.
  • Você pode compartilhar essa petição.
  • Você pode enviar um email para todos os deputados -- inclusive aquele em que você já votou -- cobrando um posicionamento.
  • Você pode protestar pelo Facebook e pelo Twitter (o auge da campanha será nesta quinta-feira, às 19h)!
  • Você pode conversar com seus conhecidos e amigos que não sabem bem o que andam defendendo por aí, por serem despolitizados (e são a maioria, viu). Comece entrando na página do deputado e vendo quem, dentre seus amigos, já passou por ali "curtindo" o sujeito. E depois dar um toque para esses curtidores inconsequentes. Vale até enviar este post para eles, hein ;)
É isso, pessoal. Não dá mais pra ter um cara como Bolsonaro no Congresso Nacional. Se nada disso valer, vamos pelo menos trabalhar com a conscientização das pessoas para que a catástrofe não se repita nas eleições de 2018, né?
(fonte: blog da KikaCastro)

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