por Najla Passos
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AM) protocolou na mesa diretora do
Senado, nesta quinta (26), o pedido de criação da CPI do HSBC para
investigar o “Suiçalão”, o escândalo de corrupção internacional que
envolve o banco HSBC de Genebra e cidadãos de mais de 100 países,
inclusive do Brasil, em crimes de evasão fiscal e lavagem de dinheiro.
No
total, 33 senadores subscreviam o pedido, seis a mais do que o mínimo
necessário exigido pelo regimento da casa para criação de uma CPI. Entre
eles, uma maioria governista, mas também, além de Rodrigues, nomes
vinculados a outros partidos da oposição, como o PSB e até o DEM.
Ausência
explícita foi a dos representantes da bancada do PSDB de Aécio Neves:
nenhum dos tucanos que bradam diariamente contra a corrupção subscreve o
documento. Agora, o pedido será examinado pela mesa diretora, que fará a
conferência das assinaturas. Se aprovado, os partidos passam a indicar
seus 11 titulares e seis suplentes.
Batizado de ‘SwissLeak’ pela
imprensa internacional, o escândalo envolve o que autoridades
monetárias internacionais estimam em US$ 200 bilhões em depósitos
sigilosos em cerca de 100 mil contas bancárias do HSBC. O Brasil é o
quarto país no ranking de número de clientes listados e o nono em volume
de dinheiro.
De acordo com o autor da denúncia, o franco-italiano Hervé Falciani,
especialista em informática do HSBC, entre os correntistas estão 8.667
brasileiros, responsáveis por 6.606 contas que movimentam, entre 2006 e
2007, cerca de US$ 7 bilhões que podem ter sido ocultados do fisco
brasileiro.
“Em moeda nacional, isso representa uma quantia
equivalente a R$ 20 bilhões, exatamente o que o Governo Dilma pretende
arrecadar com o pacote de maldades que resume o ajuste fiscal desenhado
pelo ortodoxo ministro da Fazenda, Joaquim Levy”, comparou Randolfe em
pronunciamento no plenário do Sendo, na quarta (25).
Cortina de silêncio
Na
sua fala, o senador lembrou que este escândalo já é apontado por
jornais estrangeiros, como o Financial Times, como um dos maiores do
mundo. Entretanto, no Brasil, não conquistou as manchetes dos jornais.
Por isso, fez um apelo para que os jornalistas e entidades que o
representam tentam furar o bloqueio da mídia monopolista em prol do
benefício público.
Randolfe observou que o Jornal Nacional, da
Rede Globo, ainda é a única fonte de informação para milhões de
brasileiros. Entretanto, no sábado (21), quando o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, anunciou que investigaria o esquema do HSBC, a
imprensa não deu importância ao caso.
“Esta decisão mereceu do JN daquela noite uma nota seca, de apenas
três frases e 59 palavras, lidas em 25 segundos pela apresentadora do
telejornal, sem qualquer imagem ou destaque”, apontou Randolfe.
Embora
os depósitos de brasileiros no HSBC Suíço representem mais de 40 vezes
os valores movimentados no chamado “Mensalão”, que a mesma imprensa
insistia em anunciar como o maior caso de corrupção da história,
prevalece a cortina de silêncio em torno da instituição bancária que é
uma das maiores anunciantes do país.
Mesmo a listagem com os
nove mil brasileiros que mantinham contas secretas no HSBC Suíço ainda
não é de conhecimento público. Para Randolfe, é sinal evidente de que
tem muita gente importante envolvida. A apuração está sendo feita pelo
Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ), uma rede
global que reúne 185 profissionais de 65 países, e teve acesso aos dados
do HSBC.
No Brasil, embora outros jornalistas façam parte da rede,
Fernando Rodrigues, blogueiro do Uol, conquistou exclusividade na
divulgação dos dados, que vem liberando à conta gotas. No seu blog, ele
disse que a lista completa nunca será divulgada, pois pode significar
invasão de privacidade dos cidadãos que abriram contas no HSBC suíço de
boa fé.
Randolfe contesta. Para ele, a maioria dos nomes
listados pelo HSBC até pode ter realizado depósitos seguindo os trâmites
da lei, mas o total desconhecimento da lista não permite dirimir as
dúvidas cada vez maiores que nivelam inocentes e culpados.
“Este
caso do HSBC é importante demais para ficar restrito à decisão pessoal,
privativa, seletiva, monocrática de um único jornalista, de um só blog,
de apenas um veículo poderoso da internet. O dinheiro sonegado e
subtraído ao Brasil e aos brasileiros não pode ser envolvido pelo
segredo, pelo sigilo, pela impunidade que todos combatemos”, ressaltou.
(fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Sem-apoio-tucano-pedido-de-criacao-da-CPI-do-HSBC-e-protocolado-no-Senado/4/32955)
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