O trecho abaixo é parte de uma entrevista feita com o pensador norte-americano Noam Chomsky. Se você quiser ler a entrevista inteira, em que ele aborda diversas questões políticas e militares, o link está lá embaixo. Eu selecionei apenas uma questão da entrevista, a que aborda os problemas ambientais que estamos vivenciando e que, segundo ele, anunciam a tragédia que está por vir.
Em nosso último livro, Power Systems, eu lhe pergunto, “Você tem netos. Que tipo de mundo eles herdarão?”
Isso não é brincadeira. Esta é a primeira vez na história da espécie humana que temos de tomar decisões que irão determinar se haverá uma sobrevivência decente para nossos netos. Isso nunca aconteceu antes. Já tomamos decisões que estão acabando com espécies de todo o mundo em um nível fenomenal.
O nível de destruição de espécies no mundo de hoje está acima do nível de 65 milhões de anos atrás, quando um enorme asteróide atingiu a Terra e teve efeitos ecológicos horripilantes. Ele encerrou a era dos dinossauros, que foram aniquilados. Ele deixou uma pequena abertura para os pequenos mamíferos, que começaram a se desenvolver, e, finalmente, nós. A mesma coisa está acontecendo agora — a diferença é que somos o asteroide. O que estamos fazendo com o meio ambiente já está criando condições como as de 65 milhões anos atrás. A imagem não é bonita.
Em setembro do ano passado, uma das principais
agências de monitoramentos científico internacional apresentou os dados
sobre as emissões de gases de efeito estufa para o ano mais recente em
registro, 2013. Eles atingiram níveis recordes: subiram mais de 2% para
além do ano anterior. Nos EUA subiram ainda mais alto, quase 3%. No
mesmo mês, o Journal of the American Medical Association saiu com
um estudo sobre o número de dias super quentes previstos para Nova
York, durante as próximas décadas. Estes dias vão triplicar — e os
efeitos serão muito piores no Sul do planeta. Coincide com o aumento previsto do nível do mar, que vai colocar uma grande parte de
Boston debaixo da água. Sem falar no litoral plano Bangladesh, onde
centenas de milhões de pessoas vivem, mas que serão desalojadas.
A Chevron, outra grande empresa de energia, tem um pequeno programa sustentável, principalmente por razões de relações públicas, mas estava indo razoavelmente bem, chegou a ser realmente rentável. Eles simplesmente encerraram os programas sustentáveis, porque os combustíveis fósseis são muito mais rentáveis.
Nos EUA, agora há perfuração em todo o lugar. Mas há um lugar onde foi um pouco limitado, terras federais. Lobbies de energia estão queixando-se amargamente de que Obama cortou o acesso a terras federais. O Departamento de Interior apresentou as estatísticas. É o oposto. A perfuração de petróleo em terras federais tem aumentado constantemente sob Obama. O que tem diminuído é de perfuração no mar.
Mas isso é uma reação ao desastre da British Petroleum no
Golfo do México. Logo depois do desastre, a reação imediata foi a
recuar. Mesmo as empresas de energia recuaram da perfuração em águas
profundas. Os lobbies estão apresentando estes dados em conjundo — mas
se você olhar para a perfuração em terra, ela só aumenta. Há muito
poucas restrições. Essas tendências são muito perigosas, e você pode
prever que tipo de mundo haverá para os seus netos.
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