por Antonio Lassance
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, teve a infeliz tarefa de ser
o porta-voz do que foi mais que o anúncio de contingenciamento... foi a
lavratura do atestado de óbito do que o governo pretendia fazer no ano
de 2015.
O governo revelou, nesta sexta (22),
o que pretende deixar de fazer, retendo recursos em caixa. O governo
pretende guardar R$ 69,9 bilhões. Alguém que já foi vendedor de loja de
varejo deve ter dado a dica do R$1,99: 70 bilhões seria um número muito
redondo e ainda mais feio.
A previsão de receitas da União para
este ano caiu em 5,3%, dado o ritmo de desaceleração. A retração do PIB
foi agora reavaliada em -1,2%.
Os gastos serão cortados não nas
áreas corretas, mas nas erradas. O PAC, isso mesmo, o programa do qual a
presidente era a mãe, sofreu um corte na carne da ordem de R$ 25,9
bilhões. O Ministério das Cidades e as áreas de saúde e educação serão
as mais penalizadas.
O que o ex-desenvolvimentista e atual ministro do Planejamento fez, em
nome de toda a equipe econômica (Levy e Tombini estavam presentes ao
anúncio “em espírito”), foi mais do que divulgar uma notícia ruim.
Barbosa
transformou esta sexta-feira em uma “Black Friday”. A economia do país
está em liquidação, e o governo transformou alguns de seus artigos mais
preciosos, como as obras do PAC e o orçamento da Saúde e da Educação, em
sucata.
As consequências políticas a serem colhidas no segundo
semestre deste ano e nas eleições de 2016 tendem a ser dramáticas para
um governo já bastante fragilizado.
Todos sabem que o ajuste era
necessário. Mas o governo “errou na mão”, tanto no tamanho do ajuste
quanto, principalmente, no endereço de quem deveria pagar a conta.
Com
isso, essa equipe econômica perdeu a chance de evitar a recessão, de
manter o desemprego em patamares baixos e de fugir do risco de que o
desempenho da economia seja equiparado em mediocridade ao período de
Fernando Henrique Cardoso.
Quem sabe, em se tratando dessa equipe econômica, esse não seja um problema; talvez seja esse mesmo o plano.
(fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/2015-o-ano-que-ja-acabou/4/33557)
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