segunda-feira, 25 de maio de 2015

2015, o ano que já acabou

por Antonio Lassance

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, teve a infeliz tarefa de ser o porta-voz do que foi mais que o anúncio de contingenciamento... foi a lavratura do atestado de óbito do que o governo pretendia fazer no ano de 2015.

O governo revelou, nesta sexta (22), o que pretende deixar de fazer, retendo recursos em caixa. O governo pretende guardar R$ 69,9 bilhões. Alguém que já foi vendedor de loja de varejo deve ter dado a dica do R$1,99: 70 bilhões seria um número muito redondo e ainda mais feio.

A previsão de receitas da União para este ano caiu em 5,3%, dado o ritmo de desaceleração. A retração do PIB foi agora reavaliada em -1,2%.

Os gastos serão cortados não nas áreas corretas, mas nas erradas. O PAC, isso mesmo, o programa do qual a presidente era a mãe, sofreu um corte na carne da ordem de R$ 25,9 bilhões. O Ministério das Cidades e as áreas de saúde e educação serão as mais penalizadas.

O que o ex-desenvolvimentista e atual ministro do Planejamento fez, em nome de toda a equipe econômica (Levy e Tombini estavam presentes ao anúncio “em espírito”), foi mais do que divulgar uma notícia ruim.

Barbosa transformou esta sexta-feira em uma “Black Friday”. A economia do país está em liquidação, e o governo transformou alguns de seus artigos mais preciosos, como as obras do PAC e o orçamento da Saúde e da Educação, em sucata.

As consequências políticas a serem colhidas no segundo semestre deste ano e nas eleições de 2016 tendem a ser dramáticas para um governo já bastante fragilizado.

Todos sabem que o ajuste era necessário. Mas o governo “errou na mão”, tanto no tamanho do ajuste quanto, principalmente, no endereço de quem deveria pagar a conta.

Com isso, essa equipe econômica perdeu a chance de evitar a recessão, de manter o desemprego em patamares baixos e de fugir do risco de que o desempenho da economia seja equiparado em mediocridade ao período de Fernando Henrique Cardoso.

Quem sabe, em se tratando dessa equipe econômica, esse não seja um problema; talvez seja esse mesmo o plano.

(fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/2015-o-ano-que-ja-acabou/4/33557)

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