EcoD / Envolverde
Os resultados constam do Relatório sobre o Estado da Temperatura de 2014, um estudo que examina temperatura, precipitação e eventos climáticos ao redor do mundo.
Um
total de 413 cientistas de 58 países de todo o mundo contribuíram para o
relatório, o 25º de uma série que se baseia em dados recolhidos pelas
estações de monitorização ambiental e instrumentos em terra, água, gelo e
no espaço.
O calor atingiu profundamente os oceanos e a
atmosfera, e os cientistas alertam que o clima continua a mudar
rapidamente em comparação à era pré-industrial – mudança que ainda não
tem um fim à vista.
“Se fôssemos congelar os gases de efeito
estufa nos seus níveis atuais, os mares continuariam a aquecer durante
séculos, até milénios”, explicou à AFP o oceanógrafo Greg Johnson, do
Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico, ligado à Administração
Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).
“E isso significa que
quando eles aquecem, também se expandem e o nível do mar continuaria a
subir”, afirmou Johnson numa teleconferência para discutir o relatório.
‘Imagem consistente’
Muitas das mesmas tendências verificadas nas últimas duas décadas continuaram em 2014.
“O
dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – os principais gases de
efeito estufa libertados na atmosfera da Terra – mais uma vez atingiram
concentrações médias recordes para o ano de 2014″, afirmou.
Entre
os registos recordes de calor em todo o mundo, o leste da América do
Norte foi a única região principal do mundo que experimentou
temperaturas abaixo da média anual.
“A Europa teve o seu ano
mais quente já registado por uma ampla margem, com cerca de duas dezenas
de países batendo os seus recordes de temperatura nacionais
anteriores”, informou o documento.
“Muitos países na Ásia
tiveram temperaturas anuais entre as 10 mais quentes já registadas, a
África teve temperaturas acima da média em quase todo o continente ao
longo de 2014; a Austrália experimentou o seu terceiro ano mais quente
já registado, após o calor recorde de 2013″.
Na América Latina, o
México teve o seu ano mais quente já registado, enquanto a Argentina e
Uruguai tiveram, cada um, o seu segundo ano mais quente já registado.
“É um quadro bastante consistente”, disse Thomas Karl, diretor dos centros nacionais da NOAA para Informação Ambiental.
Aquecimento dos oceanos
Os
oceanos do mundo tiveram um recorde de calor no ano passado, e o nível
do mar também esteve no seu nível mais alto nos tempos modernos.
“Devido
tanto ao aquecimento do oceano e quanto ao derretimento do gelo, o
nível do mar global também bateu o seu recorde em 201, 67 milímetros,
maior do que a média anual de 1993″, quando as medições de satélite do
nível dos oceanos começaram, disse o relatório.
Johnson explicou
que os oceanos são uma boa medida do aquecimento global porque absorvem
grande parte do calor e dióxido de carbono emitido pela queima de
combustíveis fósseis.
Tendência irreversível
Infelizmente,
mesmo que a humanidade tome medidas fortes para reduzir o uso dos
combustíveis fósseis, a tendência não se reverteria tão cedo, apontou o
investigador.
“Eu penso nisso mais como um volante ou um comboio
de carga. É preciso um grande esforço para fazer funcionar”, comparou
Johnson.
O relatório completo foi publicado no Boletim da
Sociedade Meteorológica Americana. Os dados do estudo reforçam a
necessidade de um acordo em nível global para a redução dos gases de
efeito estufa – capaz de substituir o Protocolo de Kyoto – ser fechado
em dezembro, quando representantes de 196 países estarão reunidos em
Paris para a 21ª Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima (COP21).
(EcoD/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site EcoD
(fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Meio-Ambiente/Gases-de-efeito-estufa-batem-recordes/3/34025)
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