Por Julicristie M. Oliveira*
A Feira Nacional da Reforma Agrária, que
começou quinta-feira e termina neste domingo (25/10), no Parque da Água
Branca, em São Paulo, reúne vasta programação cultural, além da
exposição e comercialização de alimentos frescos, pratos típicos de
todas as regiões do país, produtos das agroindústrias, de higiene
pessoal, plantas medicinais, livros/cartilhas de formação e artesanatos,
dentre outros.
Cheguei no evento por volta das 14
horas. O sábado estava nublado. No caminho do metrô até o parque,
imaginei que o tempo “ruim” afastaria o público. Engano meu. A Feira
Nacional da Reforma Agrária estava apinhada de gente. Andei por todos os
corredores. Nunca fiquei tão tranquila sendo tão empurrada. Estava
contente demais de ver tanta gente, assentadas e assentados, de todos os
cantos do país mostrado e comercializando os frutos de seus trabalhos.
A variedade de produtos me surpreendeu.
De frutas e hortaliças sem agrotóxicos, passado por produtos das
agroindústrias (farinha de mandioca, café em pó, açúcar, geleias,
compotas…), artesanatos feitos de diversos materiais (palha, sementes…),
produtos de higiene pessoal (sabonetes, xampus…), além das infusões
(“chás”) e cremes medicinais. Uma banca vendia cerveja artesanal. Achei
fantástico.
Surpresa
com a riqueza de possibilidades, me lembrei muito do tema que a FAO –
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura –
escolheu para o Dia Mundial da Alimentação deste ano, comemorado em 16
de outubro: “Agricultura e Proteção Social: quebrando o ciclo da pobreza
rural”. Políticas públicas para agricultura não devem restringir-se às
questões relacionadas à produção agrícola. É necessário também investir
em proteção social para quebrar o ciclo da pobreza rural. A variedade de
produtos ali vendidos deixa claro que a geração de renda pode ir além
da oferta comida boa.
Voltei para minha cidade (Limeira) com
uma sacola cheia de alegrias: um panfleto da Escola Nacional Florestan
Fernandes, duas cartilhas da Fundação Instituto de Terras do Estado de
São Paulo, um Caderno de Educação em Agroecologia da Editora Expressão
Popular, um pacote de açúcar mascavo, um de café, um de farinha de
mandioca, um de castanha de baru, um de chá de hibisco, uma pulseirinha
de palha, um sabonete de argila preta e uma camiseta estampada com o
rosto da Rosa Luxemburgo. Ideológica, eu? Quem não precisa de uma
ideologia para viver?
—
*Professora da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/Unicamp)
*Professora da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/Unicamp)
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