terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Mulheres em fuga: migrantes centro-americanas escapam da violência em seus países

 
 
Adital
 
El Salvador, Guatemala, Honduras e México têm aumentado os pedidos de asilo nos Estados Unidos. Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) revelam que um número crescente de mulheres destes países está fugindo para escapar da violência descontrolada, perpetuada pelas gangues e pelos parceiros das vítimas. No relatório Women on the run (Mulheres em fuga), 85% das mulheres entrevistadas descreveram sua vida, em bairros controlados por grupos criminosos armados.

Sem segurança em casa, as mulheres fogem para protegerem a si mesmas e seus filhos dos assassinatos, extorsão e estupros. Mas, nessas migrações forçadas, os mais vulneráveis também são as crianças e as mulheres. Estatísticas do governo dos Estados Unidos (EUA) mostram que mais de 66 mil famílias, em geral mães e crianças, chegaram aos Estados Unidos, em 2014.

A pesquisa da Acnur entrevistou 160 mulheres, que chegaram aos Estados Unidos desde outubro de 2013. Elas relatam como grupos criminosos aterrorizam a população de seus países, para controlarem grandes áreas. 64% das entrevistadas disseram terem recebido ameaças diretas e ataques de gangues, sendo este o motivo principal de fuga do próprio país.

Anya, de Honduras, relata: "eu vi o [cartel de drogas] matar alguém na rua, quando eu estava saindo da escola. Eles me viram fugindo. As ameaças começaram nesse dia. Eles me disseram que, se eu dissesse qualquer coisa ou me mudasse, eles me encontrariam e me matariam. O [criminoso] me estuprou duas vezes, me raptou quatro vezes, bateu no meu parceiro, e me maltratou de muitas outras formas. Eles disseram que iam me matar. Eles também disseram que, se eu não saísse, eles achariam minha família e a matariam também. Então, eu decidi ir”.

Além da violência imposta pelos grupos criminosos, existem os abusos físicos, sexuais e, muitas vezes, abusos psicológicos, realizado pelos próprios parceiros das mulheres. O relatório informa que 58% das entrevistadas deram testemunhos de agressão e abuso sexual. Quase todas as mulheres que sobreviveram de abuso doméstico lembraram que são chamadas de "vagabundas” ou "prostitutas” por seu parceiro.
Também há casos de violência e abuso policial. Uma transgênero de El Salvador relatou ao informe da Acnur: "eu fiz uma queixa criminal contra os policiais que me estupraram e me bateram, e eu tenho medo que eles vão me matar... Eles matam mulheres trans frequentemente . Eu tinha muitos amigas que foram assassinados”.

Separar-se dos filhos é outra situação de violência que enfrentam as "mulheres em fuga”. Mais de 60% das entrevistadas relataram que tiveram que deixar para trás uma ou mais crianças. Carolina, de Honduras, foi forçada a partir sem os filhos, que ficaram com o marido abusador. Em contato telefônico com a filha de 13 anos, Carolina revelou que o marido, agora, estava abusando da garota. "Ela [minha filha] está pagando pelo que aconteceu comigo”.

Cuba

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba denuncia que existe uma situação complexa de migração, envolvendo mais de 1 mil cidadãos cubanos que chegam a Costa Rica com a intenção de viajarem para os Estados Unidos. E acabam se tornando vítimas de traficantes e de grupos criminosos que, de maneira "inescrupulosa”, lucram com o controle da passagem dessas pessoas pela América do Sul, América Central e México.

No documento, o Ministério denuncia também que esses migrantes se converteram em vítimas da politização do tema migratório por parte do Governo dos EUA, da Lei de Ajuste Cubano, em particular, da aplicação da chamada política de "pés secos-pés molhados”. "Pés secos” significam que aqueles que conseguem pisar em terra estadunidense poderão solicitar a residência permanente. "Pés molhados” referem-se aos indivíduos que tentam entrar nos EUA por via marítima e são interceptados, antes de alcançarem o objetivo.

"Essa política estimula a emigração irregular desde Cuba para os Estados Unidos e constitui uma violação da letra e do espírito dos Acordos Migratórios em vigor, mediante os quais ambos os países assumiram a obrigação de garantirem uma emigração legal, segura e ordenada”, afirma o Ministério cubano.

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