domingo, 3 de setembro de 2017

Não há marechal Lott que salve o Brasil. Só o povo!

Há tempos escrevi aqui que o espírito do Marechal Lott devia baixar em alguém nos dias de hoje. Eu me referia a ele como a História o recorda: o Marechal legalista que deu um golpe para evitar O GOLPE. Aquele que a UDN tramava contra JK, querendo impedí-lo de assumir a Presidência. O jornalista José de Castro volta a essa importante personagem da História Brasileira:

Texto escrito por José de Souza Castro:

Procuro, dentro do possível, manter-me informado sobre a história do Brasil. Li com interesse carta de Nelson Lott de Moraes Costa, neto do marechal Lott, publicada neste dia 29 de agosto AQUI. Leitores mais jovens de jornais provavelmente nunca ouviram falar de Henrique Batista Duffles Teixeira Lott. Nomeado ministro da Guerra dois anos antes da posse de JK à presidência da República, em 1956, o marechal foi mantido no cargo por JK e, em 1960, teve apoio do presidente na disputa por sua sucessão, como candidato do PSD.
O marechal teria como vice João Goulart, do PTB. Mas Jango acabou preferindo levar seu partido a apoiar Jânio Quadros, da UDN, tal como Carlos Lacerda. Os dois derrotaram Lott e… O resto é história bem conhecida dos que estudaram o golpe de 1964. O marechal, que queria chegar ao poder mediante disputa democrática, pelo voto, foi castigado pelos colegas que participaram do golpe, que tudo fizeram para que ele fosse esquecido. Diz o neto: 
“O Marechal Lott foi primeiro aluno em tudo que cursou: Colégio Militar, Escola Militar, ESAO, ESG, curso de Estado Maior na França, etc, etc. Foi também quem regulamentou a profissão dos militares subalternos (cabos, sargentos e subtenentes), organizou as tropas da FEB, etc. Ministro da Guerra por seis anos e da Aeronáutica por breve período, posteriormente. Isso no âmbito exclusivamente militar.
Apesar desse histórico militar brilhante, não vamos encontrar referências a ele no meio castrense. Não é nome de quartel, de unidade, de pavilhão, nem patrono de turma da AMAN ou mesmo da ESA (Escola de Sargentos das Armas) implementada por ele.
Os militares dos tempos pré-ditadura tinham uma formação de brasilidade. Mesmo os gorilas golpistas tinham uma visão de Brasil, de nacionalidade, além de valores éticos e morais no trato da coisa pública.”
Autor do livro “JK Exemplo e Desafio”, Affonso Heliodoro, nascido há 101 anos em Diamantina, como Juscelino Kubitschek, do qual foi assistente militar (é coronel aposentado da Polícia Militar mineira e vive hoje em Belo Horizonte, depois de passar mais da metade da vida em Brasília), incluiu o Marechal Lott no Anexo IV de seu livro, entre outras 18 personalidades. Escreveu:
“Marechal, fez uma brilhante carreira militar e teve atuação decisiva nos episódios que garantiram a posse de Juscelino Kubitschek na Presidência da República, em novembro de 1955. Ministro da Guerra, de 1954 a 1960, e candidato à Presidência da República, em 1960, quando foi eleito Jânio Quadros, ex Governador de São Paulo.”
Mas voltemos à carta do neto do marechal:
“A formação militar deixou muito a desejar, soldo e vantagens tornaram-se mais importantes do que o serviço, do que a nação.
Bolsonaro criou-se defendendo salários das forças armadas e não os tradicionais valores militares.
Vende-se hoje a Amazônia por trinta dinheiros, assim como 57 outros órgãos ou empresas nacionais na bacia das almas. No ritmo em que vamos, esperemos que não chegue o dia do Panteão de Caxias ser alugado para uma franquia do McDonald’s para pagarmos dívidas ou apoios políticos.”
Não se pode confiar nos militares, pois a formação intelectual deles piorou muito desde os tempos do jovem Lott. O Brasil precisa mais do que nunca de seu povo para reagir ao plano de privatizações do governo Temer, que parece ignorar que não lhe é permitido expropriar os brasileiros de bens públicos que pertencem ao povo, como demonstra aqui o professor Gilberto Bercovici, da Faculdade de Direito da USP. Ele adverte aos que comprarem esses bens que estarão incorrendo em crime de receptação.
Para atrair esses incautos ambiciosos, o governo acena com a possibilidade de oferecer os ativos da Eletrobrás por 10% de seu valor. Há quem calcule que a construção do sistema Eletrobrás custou R$ 370 bilhões aos que pagam impostos no Brasil. Quanto espera arrecadar o governo Temer com venda?
E o que pode esperar o brasileiro? Primeiro, a entrega de uma empresa estratégica para o país, a exemplo da Petrobras, ao controle do lucro capitalista. Por conseguinte, o fim do protagonismo do Estado, a desnacionalização e entrega do setor a empresas estrangeiras, a piora da qualidade do serviço público oferecido e das condições de trabalho dos empregados – e o aumento extorsivo das tarifas pagas pelos consumidores.
Pelo mesmo caminho vai a Petrobras. No mesmo dia da carta do neto do marechal Lott, a “Folha de S.Paulo” informou que, para fazer caixa, o governo estuda conceder para a iniciativa privada o direito de exploração de até 7 bilhões de barris de petróleo e gás em blocos do pré-sal vizinhos àqueles hoje em produção pela Petrobras.
“A medida”, diz o jornal, “deverá trazer mais R$ 50 bilhões ao caixa da União no próximo ano. A equipe econômica e o Ministério de Minas e Energia preveem que a decisão seja tomada com a privatização da Eletrobrás, que deve movimentar R$ 13 bilhões. As duas iniciativas estão entre as principais apostas do governo para cumprir a meta de déficit de R$ 159 bilhões do próximo ano. Nenhuma delas está prevista no Orçamento e, segundo técnicos que participam dos estudos, existem outras em análise.”
Outra notícia espantosa foi divulgada pelo portal Petronotícias, como se lê aqui:
“Vai parecer incrível esta notícia, mas é verdade. A Petrobras, acredite, vendeu como sucata 80 mil toneladas de peças e aço que seriam as plataformas de petróleo P-71 e P-72, que estavam praticamente prontas para serem montadas. (…) Todo o projeto, todo o planejamento, todas as compras, o dinheiro que foi investido, a infinidade de horas trabalhadas, se tornaram sucata no Estaleiro Ecovix, em Rio Grande, no Rio Grande do Sul. A Gerdau, que não tem nada a ver com uma solução tão criativa, está cortando essa montanha de aço e transformando tudo em ferro fundido. 
Esta solução fantástica foi tomada pela alta direção da Petrobras, por iniciativa de seu presidente Pedro Parente, que havia antecipado há meses que a empresa iria tomar esta decisão.
(…) A Ecovix, empresa responsável pela integração da P-71 e P-72, (…)  não está comentando o assunto. Já a Gerdau, limitou-se a admitir que a empresa “participou do processo de licitação para a compra de sucata do Estaleiro Rio Grande e venceu”.
(…) Em 2010, a Ecovix venceu a licitação para montar oito plataformas para a Petrobras. Três ficaram prontas. Com a Operação Lava Jato, a empresa foi considerada inidônea pela Petrobras, seus dirigentes chegaram a ser presos e hoje a empresa está em recuperação judicial. Em dezembro do ano passado, o contrato foi suspenso e 3.500 metalúrgicos foram demitidos. Mesmo depois de pagar por todo este material, a atual direção da Petrobrás descontinuou os projetos e mandou vender todas as peças como sucata. O Sindicato dos Metalúrgicos local entrou com uma ação judicial para reverter a situação. (…)”
É de se perguntar: o que fizeram os brasileiros, suas famílias, para merecerem tais parentes?

(fonte: https://kikacastro.com.br/2017/08/30/privatizacoes2/#more-14367)

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